“O Senhor Núncio Apostólico, aqui, hoje, traz-nos a afirmação da nossa comunhão com o Santo Padre e com toda a Igreja dispersa pelo mundo. Bem-haja por estar connosco, trazendo-nos o seu testemunho, da comunhão que realiza no exercício das suas funções, e a palavra que nos trará de orientação e encorajamento”, afirmou o Padre José Lobato.
Reforçando a situação de Sede Vacante da Diocese de Setúbal, que está a aguardar a nomeação de um novo Bispo, o Administrador Diocesano destacou que o convite a D. Ivo Scapolo para presidir às celebrações do Dia do Corpo de Deus não é “para lhe fazer, aqui, qualquer pedido”, dado que “ele cumprirá, e bem, de forma competente, o processo de nomeação” episcopal necessário à diocese sadina.
“Nós convidámos o Senhor Núncio para estar aqui – disse o sacerdote – porque, embora nós não tenhamos, neste momento, Bispo diocesano, continuamos a ser Diocese, Igreja local, envolvidos sacramental e afetuosamente pelos sucessores dos Apóstolos, sem os quais não há Igreja. Não queremos cair na tentação – porque não sabemos quanto tempo o processo vai demorar – de nos irmos habituando a uma espécie de autossuficiência, totalmente contraditória, com o sentido da Igreja-comunhão e Igreja-sinodalidade”.
Particularmente unidos ao Papa Francisco
Na homilia da Eucaristia, o Núncio Apostólico expressou a sua “profunda alegria” por ter a oportunidade de celebrar com a comunidade diocesana de Setúbal, a Solenidade do Corpo de Deus.
“Esta é uma celebração que permite viver uma especial experiência de unidade e comunhão eclesial, sobretudo por três motivos – disse D. Ivo Scapolo – Em primeiro lugar, a minha presença entre vós como representante pontifício em Portugal é uma ocasião para nos sentirmos, particularmente, unidos ao Papa Francisco que enquanto sucessor de Pedro é sinal e fundamento da unidade de toda a Igreja.”
“Depois – acrescentou – Não podemos esquecer que a celebração eucarística é o momento mais intenso de comunhão que podemos viver, com a Igreja peregrina nesta terra, com a comunidade diocesana, com os irmãos defuntos, com todos os santos que no paraíso gozam da alegria eterna, imersos num sublime mistério de Amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.”
Finalmente, o representante diplomático da Santa Sé em Portugal destacou que “a celebração da Solenidade do Corpo de Deus constitui uma ocasião extraordinária para meditar sobre o mistério Eucarístico, mistério de Amor e comunhão, de unidade e solidariedade. Abrimos a nossa mente e o nosso coração para acolher as graças que o Senhor, mediante o Seu Espírito Santo quer dar-nos durante este dia especial”.
Depois da pandemia, ajudar as pessoas a ser fiéis à Santa Missa dominical
Tendo por base as leituras da celebração eucarística, D. Ivo Scapolo sublinhou três palavras sobre as quais incidiu a sua reflexão: sacerdote, memória e alimento.
Destacando que “só Jesus é verdadeiro sacerdote”, o Núncio disse que “toda a comunidade dos crentes é uma comunidade sacerdotal” e que “a celebração Eucarística permite unirmo-nos a Jesus Cristo, participando na sua missão sacerdotal, em união com Ele, para o bem da Igreja e de toda a humanidade.”
“Sobretudo depois do que se passou durante a pandemia – disse ainda o Núncio Apostólico – há muito que fazer e dizer, a fim de ajudar as pessoas a ser fiéis à Santa Missa dominical. É uma dimensão fundamental da própria vida de batizados e de sacerdotes em Cristo.”
D. Ivo Scapalo lembrou também o mandato de Jesus aos discípulos na Última Ceia: “Fazei isto em memória de mim”, acrescentando que “quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo e esta torna-se presente. É uma presença real de Cristo que continua depois da celebração eucarística”.
“A maneira mais bela e genuína de expressar a fé na presença real de Cristo na Eucaristia – disse o Núncio Apostólico – é a oração prolongada e silenciosa em frente ao sacrário”, reconhecendo que é cada vez mais necessário “promover uma generosa e concreta devoção à Eucaristia”.
Por fim, D. Ivo Scapolo afirmou que “a Eucaristia é o alimento, o viático necessário para o caminho, a fim de enfrentar o caminho de regresso a casa. É o alimento espiritual que nos sustenta neste mundo, para enfrentarmos o caminho para a Pátria Celeste. Como alimento da alma, a Eucaristia aumenta o nosso amor a Deus, unindo-nos cada vez mais a Ele, que preparou para nós um lugar no céu.”
“Não há dúvida – assinalou – que quanto mais nos configuramos ao mistério eucarístico, tanto mais seremos capazes de imitar o seu amor concreto e generoso”.
Procissão do Corpo de Deus: “Que Deus Pai conceda a esta querida comunidade de Setúbal todas as graças que necessita para melhorar cada vez mais”
Da parte da tarde, o Núncio Apostólico presidiu à oração das Vésperas na Sé de Setúbal, a que se seguiu a procissão pelas ruas da cidade. O cortejo percorreu algumas vias de Setúbal, culminando o percurso no Convento de Jesus.
No final, D. Ivo Scapolo rezou com a comunidade presente, agradecendo ao Senhor Jesus as graças concedidas, pedindo perdão pelas falhas dos cristãos que nem sempre correspondem ao Seu exemplo e testemunho de entrega. Pediu para que a Igreja Universal seja sinal da presença eucarística de Jesus no sacrário, em especial a Diocese de Setúbal:
Senhor Jesus, pelos méritos do sacrifício eucarístico, pedimos contigo a Deus Pai, que mediante a ação do Espírito Santo, conceda a esta querida comunidade diocesana de Setúbal, que está à espera do seu novo pastor, todas as graças que necessita para melhorar cada vez mais, mediante uma fecunda experiência sinodal, o seu testemunho de fé, esperança e caridade”.
O Administrador Diocesano de Setúbal, Padre José Lobato, agradeceu a presença do Núncio Apostólico, considerando esta uma presença “consoladora”. “Vamos continuar a rezar uns pelos outros em ordem a este apelo que o Senhor Núncio nos deixa de viver uma vida cristã intensa, de amor, de esperança, de oração e de conversão”, comprometeu.
Apelos à oração
Na sua última intervenção, o representante diplomático do Santo Padre em Portugal transmitiu as “saudações cordiais e paternas do Papa Francisco”, que pede “para não se esquecerem de rezar por ele”.
“Quero manifestar o meu apoio e acompanhar, na serenidade e esperança, esta bela comunidade diocesana de Setúbal que está a aguardar a nomeação do novo bispo” afirmou, pedindo à Virgem Maria que “acompanhe o processo de nomeação do novo bispo, para que dentro de poucos meses possa ser nomeado”.
Exortou ainda à oração pelas vocações:
A Diocese de Setúbal tem um clero bastante jovem mas que cresce lentamente mas pouco face às suas necessidades e as necessidades da Igreja em Portugal e no mundo. A Igreja precisa de muitos mais padres, religiosos e religiosas para trabalhar e difundir um reino de justiça, de paz, de solidariedade e de amor, que é a missão que recebemos do Senhor.”
Por fim, pediu por D. José Ornelas, agora bispo de Leiria-Fátima, pela comunidade diocesana de Setúbal e #por todos os que irmãos que no mundo são perseguidos por causa da sua fé”.
AS e JM