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Juventude: “Saúde mental é sobre mim e sobre ti. E não é algo que possa ser deixado para depois.”

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Hoje, 10 de outubro, celebra-se o Dia Mundial da Saúde Mental. O Departamento de Juventude da nossa Diocese traz-nos um artigo de reflexão sobre este tema, escrito por Janete Silva Moreira, Psicóloga Educacional e Investigadora.


Falar de saúde mental é trend (ou está na moda). Pergunto-me porque não se ouve falar de saúde da perna ou saúde do braço ou saúde do olho, e se diz “saúde mental” como se fosse uma parte separada do todo?

Há já muitos anos, escrevia o apóstolo São Paulo sobre louvar a Deus com o corpo e o espírito e, apesar de nomear os dois, não os separa, antes dá a entender que um sem o outro estão incompletos. Não são, portanto, só as posições físicas (ajoelhado, de pé, a dançar, de mãos postas ou ao alto), nem só o silêncio da boca que permitem a união com Deus, mas ambos contribuem para a nossa relação com Ele. Então, ao que parece, a preocupação pela saúde mental é trend há muito tempo. Nós é que temos andado distraídos.

Perguntemo-nos: Tenho ouvido o que me diz o coração? Tenho tentado entender o que sinto? Tenho dado espaço às emoções? Permito-me rir? Permito-me chorar? Dou espaço para que as coisas que se passam comigo me causem impacto, me influenciem, me toquem, me ensinem? Silencio os barulhos à minha volta para escutar o que vai dentro de mim? Pratico a aceitação e o perdão?

É certo que não há saúde mental num corpo parado. A vida saudável requer regras, rotinas, hábitos bons e movimento. Para fazer bem a sua parte, a mente também.

Já parei para pensar no que gosto de fazer, onde gosto de estar, com quem gosto de estar? Dedico tempo, com alguma frequência, para essas coisas? Celebro as minhas conquistas? Agradeço o que me é dado? Planeio a minha semana de forma harmoniosa, onde haja lugar para Deus, a família, o trabalho, o descanso, o exercício físico, o lazer, o “fazer nada”?

Tendemos a querer recuperar a saúde quando ela nos falta. Mas há muito que podemos fazer para a cuidar antes que falte. Chama-se prevenir e promover, e podemos fazê-lo diariamente. Então, cuidar da saúde não é só coisa de médicos, psicólogos ou psiquiatras. Certo é que são uma ajuda preciosa e, em certas alturas, devemos mesmo procurá-los sem pudores nem preconceitos, mesmo quando nos julgamos saudáveis. Mas o primeiro papel é meu e é teu. 

Tem-se inclusivamente mudado a compreensão das competências socioemocionais de soft skills para essenciais, o que, em português corrente, quer dizer que elas já não são dispensáveis para o nosso bem-estar e a relação com as outras pessoas. Somos pessoas na relação! Lembramo-nos disso? O nosso Deus é Trino porque o Pai, o Filho e o Espírito Santo são relação de amor. Por isso, exercitar a empatia não é algo dispensável. 

Relação, empatia e comunicação parecem outra tríade indissociável. A comunicação, que tem muito pouco a ver com a quantidade de horas que passamos ao telefone ou o número de posts que publicamos, tem mais a ver com clareza. Com saber passar ao outro como me sinto perante o que ele faz, diz ou é. Trata-se de adotarmos mais “Fico feliz quando chegas a casa” ou “Gosto quando vejo esse brilho nos olhos” ou “Sinto-me mais tranquila se vieres comigo” ou “Vou sentir-me melhor quando me deres um abraço.”

E reparemos como fizemos um artigo inteiro dedicado à saúde mental, sem falar de qualquer patologia. Sobre isso, ficamos a saber muito em meia dúzia de cliques online. Portanto, saúde mental é sobre mim e sobre ti. E não é algo que possa ser deixado para depois. Cuida-te.

 

Janete Silva Moreira, Psicóloga Educacional e Investigadora

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10 de Outubro de 2022