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Juventude/Missões: “Jovens Sem Fronteiras” celebram 40 anos

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Movimento “Jovens Sem Fronteiras” (JSF) celebra 40 anos e Diocese de Setúbal faz parte dessa história. Nasceram grupos em Miratejo, Barreiro, Palmela, Montijo, Fernão Ferro e Feijó.

Inês Santos, da Paróquia de Santa Maria, no Barreiro, com 15 anos de vivência nos Jovens Sem Fronteiras e Guilherme Costa, da Paróquia do Divino Espírito Santo, no Montijo, que teve a primeira experiência missionária na pandemia, recordam o seu caminho no movimento, partilham as experiências e uma história com 40 anos.

“Os jovens sem fronteiras ajudaram-me a encontrar o meu lugar na Igreja e a crescer nos valores da fraternidade, solidariedade e amor ao próximo”

Entrei para os Jovens Sem Fronteiras do Barreiro aos 16 anos, depois do desafio de uma catequista da minha paróquia, que no almoço do meu Crisma me propôs participar numa reunião do grupo no fim de semana seguinte. Fui e fiquei durante 15 anos.

Durante os anos que pertenci ao movimento tive a oportunidade de realizar algumas semanas missionárias no mês de agosto. Durante 10 dias, juntamente com outros jovens do país acompanhados por um Padre Espiritano, deixei a minha casa e fui ao encontro de realidades de igreja muito diferentes da minha. Para além dos trabalhos próprios de vida em grupo (cozinha, limpeza, etc) os nossos dias centravam-se nas visitas diárias aos doentes e centros de dia e animação de idosos; nas atividades de tempo livre e catequeses com as crianças; nos encontros com os jovens; na partilha e aprofundamento da fé, com participação na liturgia da comunidade.

Em agosto de 2010 participei na Ponte, um projeto de voluntariado missionário internacional, em parceria com a ONGD Sol Sem Fronteiras (Organização Não Governamental para o Desenvolvimento Solsef). Estive, juntamente com mais 14 jovens e o Padre Hugo Ventura, na Paróquia de N. Sr. da Glória, em Belo Horizonte, Brasil.

Foram 30 dias de intensa missão, trabalhando nas áreas da educação, saúde e pastoral. Partilhei afetos e abraços bem ao jeito mineiro. Ouvi histórias tão difíceis mas que a Fé em Deus mantinha a alegria de viver dessas pessoas. Nas subidas e descidas do morro fomos ao encontro de crianças, doentes, famílias mas acima de tudo ao encontro de Cristo.

“Contagiou-me a alegria do partilhar Cristo com os outros, com “todos, todos, todos” como tanto o Papa nos disse nesta Jornada [JMJ Lisboa 2023]. Como se lá fosse mais vivido “à flor da pele.”

O primeiro contacto com os JSF foi há uns anos quando foi formado um grupo na paróquia. Na altura, com nove anos, tudo me era completamente desconhecido. Até que, há sensivelmente dois anos, os meus caminhos haviam de se cruzar novamente com este movimento.

Já não existindo grupo na minha paróquia (Montijo – Divino Espírito Santo), tive este contacto através de amigos e integrei o grupo de Lisboa. O que bebi do carisma “sem fronteiras” através das partilhas neste tempo, fez com que logo nesse verão embarcasse na minha primeira experiência de missão durante dez dias em Oliveira do Douro (Cinfães).

Parti num misto de curiosidade e mera expectativa de ocupar uns dias do meu Verão.. Partilhei estes dias com outros elementos de grupos de todo país (a maior parte deles desconhecidos para mim) junto da população daquela terra. Destes dias, guardo no coração de uma forma especial a capacidade de levar Cristo aos outros num meio tão pequeno. A verdade é que comparando com a minha vivência até então, tinha um sabor diferente. A vivência da fé era a mesma mas a forma como a experimentei naqueles dias foi, sem dúvida, marcante.

Ao regressar à minha paróquia, sentia muito esta alegria e sentia ainda mais o dever de a comunicar. Sendo um movimento cujas raízes assentam primeiramente na missão paroquial, a parte do nosso lema “sem estar longe dos que estão perto” fazia-me realmente sentido: o princípio e o fim era aqui. Sinto que vim mais rico e que trouxe para minha comunidade essa riqueza. Terminada a experiência, continuei a participar nas reuniões, nos encontros regionais e nacionais.

Neste último ano, a minha missão passou por servir a minha paróquia, mais concretamente como elemento do COP para a JMJ. Esta grande experiência que deixou grandes marcas em muitos jovens, deixou igualmente na minha história. Desta feita, senti-me a “Estar perto dos que estão longe”. Foram muitos os testemunhos, as partilhas, as vivências e as palavras do Santo Padre que me inspiraram. Não só em mim mas em alguns jovens da paróquia, a chama (re)acendeu e sinto que o meu caminho passa por aqui. Por esta altura, reavivar o grupo na minha paróquia é um grande desejo que tenho e confio em Deus para dar esse passo e voltar a regar esta semente sem fronteiras na minha diocese.

A História dos JSF

Em 1983 nasceram os Jovens Sem Fronteiras, o ramo jovem da Família Espiritana (Congregação dos Missionários do Espírito santo). Nestes 40 anos fizeram, e continuam a fazer parte do movimento jovens com vontade de crescer para a Missão, sempre à procura de formas criativas de viver e estar no mundo e na Igreja.

Os Jovens Sem Fronteiras integram um grupo na sua paróquia, vivem a fraternidade ao nível do grupo e trabalham colaborando com o pároco e a comunidade. Na Diocese de Setúbal nasceram grupos em Miratejo, Barreiro, Palmela, Montijo, Fernão Ferro e Feijó.

“Não foste vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi a Vós” (Jo 15, 16). No movimento temos a oportunidade de colocar os nossos dons ao serviço de Deus, através do coro, da catequese, e de tantos outros serviços da comunidade. Outra oportunidade que é dado num grupo é a descoberta de capacidades e competências que levamos para o resto da vida. A preparação dos temas das reuniões, das atividades de angariação de fundos, a animação de um grupo ajudaram-me a potenciar a criatividade, o pensamento crítico, a organização e o trabalho em equipa.

Como pertencentes à família espiritana, os Jovens Sem Fronteiras têm uma identidade comum baseada na espiritualidade de Poullart des Places e de Libermann. Uma espiritualidade missionária, que os compromete ativamente na missão Ad Gentes e no serviço aos mais pobres. Através da Ponte e das semanas missionárias os jovens têm a oportunidade de colocar em prática o lema do movimento “Estar perto dos que estão longe, sem estar longe dos que estão perto”.

Dia Mundial das Missões 2023

A Igreja Católica celebra este domingo, 22 de outubro, o Dia Mundial das Missões 2023: «Corações ardentes, pés ao caminho» é o título da mensagem do Papa Francisco para esta celebração.

Os donativos recolhidos nas Missas destinam-se a apoiar o trabalho das Obras Missionárias Pontifícias. As OMP-Portugal publicaram o Guião Missionário 2023/2024, um itinerário de vida e de missão para as comunidades católicas.

A celebração do Dia Mundial das Missões acontece anualmente no terceiro domingo de outubro, o mês missionário na Igreja Católica.

Departamento da Juventude da Diocese de Setúbal/CB/IS/GC

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22 de Outubro de 2023