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Quarta-feira de Cinzas/D. Américo Aguiar: “Sejamos capazes de nos converter ao modelo de Cristo Jesus”

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A celebração da Eucaristia e imposição das cinzas deram início à Quaresma, na Sé de Setúbal. Na homilia, o Cardeal D. Américo Aguiar deixou um apelo à conversão, para que “sejamos capazes de nos reconciliar uns com os outros e mais do que isso sejamos capazes de nos reconciliar com Deus”.

“Meus queridos irmãos e irmãs, estamos a iniciar a Quaresma. Estamos a inaugurar um tempo que nos vai levar até à Páscoa, este ano a 31 de março. São 40 dias. E durante estes quarenta dias vamos ser convidados a portar-nos bem, ou ainda melhor.”

O Bispo de Setúbal presidiu à celebração da Eucaristia contando com a participação da comunidade do Seminário de São Paulo de Almada. A missa foi concelebrada pelo Monsenhor José Lobato, Vigário-Geral da Diocese, o Padre Rui Gouveia, Reitor do Seminário Diocesano, e pelos padres Daniel Nascimento, David Caldas e João Luís Ferreira.

Fotos: Diocese de Setúbal

Contando com várias crianças na assembleia, o Bispo de Setúbal explicou a Quaresma e as práticas recomendadas para este tempo: “Durante estes 40 dias vamos fazer três coisas: oração, jejum e esmola. Vamos rezar mais, cada um de nós. No nosso dia a dia, rezo muito? Reza pouco? Rezo quando estou aflito? Como é a minha vida de oração? E a minha oração é muito produzida com muitas palavras ou simplesmente falo com Deus? Como é que rezo? Todas são válidas.”

E partilha o seu testemunho: “Eu todos os dias, à noite, antes de dormir, falo com Ele e digo: «Olha, hoje portei-me mal.» Os bispos também se portam mal, somos todos iguais, feitos do mesmo barro. E por isso há dias que, quando chego ao final do dia, digo: «Não me portei muito bem». E por isso peço perdão a Jesus para que a amanhã corra melhor. E há dias em que me deito e digo: Hoje portei-me bem. Hoje fui capaz de corresponder, de ajudar, de partilhar, hoje fui bem. Portei-me bem.”

Sobre o convite ao jejum, o Cardeal D. Américo Aguiar explicou que este não é “para ficarmos magrinhos” ou “não comer o que não gostamos”, é um sinal de sacrifício. E, dirigindo-se às crianças, descomplicou a questão da abstinência da carne.

Às vezes, os adultos, passam a Quaresma toda a discutir o peixe e a carne. Deixemo-nos disso: comam o que quiserem. O que o Senhor quer é que nos preocupemos com as pessoas. Façamos o bem. Cumpramos as regras que nos são recomendadas mas cada um faça o juízo: o que é que eu posso fazer na minha alimentação que seja um sacrifício. O que é que eu gosto muito de comer e que durante estes 40 dias não como. Isso é que é fazer um jejum, uma abstinência.”

Depois, a esmola. “Todos os anos, o bispo tem de dizer para onde vai essa esmola, essa partilha que todos vamos fazer, chamada Renúncia Quaresmal”, explica. “Todos somos convidados durante estes 40 dias a fazer uma poupança para um fim. E nós temos dois destinatários: um é ajudar as pessoas cá da nossa terra que às vezes nos pedem ajuda. A outra é para os meninos e meninas que vivem a guerra na Terra Santa. A situação é muito difícil. Mas nós queremos dar ao Senhor Bispo, que está lá, em Jerusalém, aquilo que é o fruto da partilha, da esmola de cada um de vocês”.

“O que é que eu gostava que cada um de vocês fizesse durante estes quarenta dias: não comprar coisas que gostam de comer, pegar nesse dinheiro e colocar de lado. Não comprar guloseimas, nem chocolates, nem nada disso. Os adultos também podem fazer: não comprar o jornal, não comprar revistas de fofoca: algo que seja um sacrifício. E uma mais complicada para a malta nova: consumir menos dados de Internet. Pegar nesse valor que não utilizamos e partilhar com aqueles que mais precisam, no dia a dia das nossas vidas.”

Fotos: Diocese de Setúbal

«Felizes porque nos convertemos»

Na primeira leitura, fomos convidados a converter-nos. “Converter-nos é fazer um esforço por sermos melhores pessoas, melhores filhos, melhores adultos, melhores amigos, melhores companheiros, já que estamos no Dia dos Namorados, melhores namorados. Sejamos capazes disso: convertermo-nos ao modelo de Cristo Jesus. Sermos capazes de nos aproximar mais daquilo que Jesus quer.”

A segunda leitura, ajuda-nos a perceber que nós somos embaixadores, somos presença de Cristo uns para os outros. E que sejamos capazes, no dia a dia, de nos reconciliarmos. Sejamos capazes de nos deitar em paz, em harmonia uns com os outros.

Sejamos capazes de nos reconciliar uns com os outros e mais do que isso sejamos capazes de nos reconciliar com Deus. E neste tempo da Quaresma, também é um convite muito especial para cada um de nós se aproximar do Sacramento da Reconciliação, para um “bate-papo” entre nós e Deus para “limparmos o ficheiro”, das coisas boas e coisas más que são comuns a cada um de nós.”

Por fim, comentando o Evangelho, o Bispo diocesano observou que o Senhor diz para fazermos estas coisas todas discretamente. Não quer que andemos quarenta dias com a barba por fazer, o cabelo desarranjado, muito tristes. Arranjados e alegres, porque estamos na Quaresma, estamos a preparar a Ressurreição de Jesus. E o que fizermos fazemos de modo discreto. Quando ajudamos alguém, temos de ser discretos.

“Sejamos discretos naquilo que seja a nossa atenção à vida e às necessidades dos outros” afirmou.

“O que desejo é que estes 40 dias nos aproximem uns dos outros. Peço que rezem por mim, pelo nosso querido Papa Francisco, pelos nossos sacerdotes, pelos nossos diáconos, pelos nossos seminaristas, rezemos uns pelos outros para que Deus nos dê a graça de no dia 31 de março podermos estar aqui, ou noutro sítio qualquer, felizes porque nos convertemos”, concluiu.

Fotos: Diocese de Setúbal

JM

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15 de Fevereiro de 2024