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Intelectual

CNE

Crescer inteligente é crescer em liberdade. Segundo alguns sociólogos e historiadores, a Internet estará a ter um impacto maior na sociedade do que o causado pela Revolução Industrial. A Internet afeta a forma como as pessoas se relacionam – podemos falar de viva voz com alguém que está a milhares de quilómetros de distância, a forma como a informação flui – podemos enviar um livro inteiro para outra pessoa em poucos segundos ou visitar um museu sem sair de casa. Mas, sobretudo, a Internet tem impacto na acessibilidade do conhecimento – nunca foi tão fácil ter acesso a informação.

Crescer inteligente é crescer em liberdade. Segundo alguns sociólogos e historiadores, a Internet estará a ter um impacto maior na sociedade do que o causado pela Revolução Industrial. A Internet afeta a forma como as pessoas se relacionam – podemos falar de viva voz com alguém que está a milhares de quilómetros de distância, a forma como a informação flui – podemos enviar um livro inteiro para outra pessoa em poucos segundos ou visitar um museu sem sair de casa. Mas, sobretudo, a Internet tem impacto na acessibilidade do conhecimento – nunca foi tão fácil ter acesso a informação.
Para tomarmos consciência desta facilidade de acesso, tomemos o seguinte exemplo: há uns tempos, um dos meus filhos colocou-me uma questão sobre a data de construção de um edifício algures na Europa. Eu disse-lhe que não sabia e, por isso, em menos de um minuto, consultámos o Google, ficámos a saber e mudámos de assunto. Pergunta e resposta em menos de dois minutos. O assunto para que mudámos foi este sobre o qual aqui escrevo. Descrevi-lhes como o mesmo problema se passaria quando eu tinha a idade deles: colocaria a questão aos meus pais e, caso eles não soubessem a resposta, iríamos consultar algum livro ou enciclopédia que tivéssemos em casa. Caso esses livros não tivessem a resposta, poderia procurar falar com um professor ou consultar a biblioteca pública ou a biblioteca escolar. Se, em nenhum destes três lugares, encontrasse a solução para o meu problema, ficaria sem saber. Entretanto, muito mais do que dois minutos tinham passado.
Vemos, assim, que o Conhecimento é acessível. É fácil saber e isso é bom. Ao contrário de alguns profetas da desgraça, eu acho que os jovens hoje sabem muito mais do que as gerações anteriores, como reflexo desta facilidade de acesso ao conhecimento. Não sabem todos o mesmo, chegam-nos com saberes diversificados e muito mais fragmentados, porque há mais informação. Quanto mais temas temos ao nosso dispor, menos aprofundamos cada um deles. Digo repetidamente a dirigentes escutistas e a professores, em contexto de formação, que o paradigma da educação já foi afetado: não precisamos hoje de transmissores de conhecimentos, mas sim de gestores do saber.
Por gestão do saber quero significar o seguinte: como já referi, o Conhecimento é acessível, mas é importante haver mediação, uma matriz enquadradora que me permita saber olhar para a informação disponível e saber se tem qualidade. Para tal, tenho de saber pesquisar informação, avaliar se o que pesquiso é bom ou mau, saber o que fazer com os resultados da minha pesquisa. O adulto é, aqui, orientador, ajudando nesta tarefa de filtrar resultados de pesquisa e, sobretudo, pondo-se ao lado do jovem para alargar os seus interesses, tornando-o mais apto e mais inteligente. O risco do acesso fácil ao Conhecimento é levar o jovem a acreditar que já sabe tudo. Temos de ser pró-ativos na disponibilização de fontes ricas e credíveis. O CNE fá-lo quando propõe aos jovens que, nos seus pequenos grupos (bandos, patrulhas, equipas ou tribos), pensem em temas para projetos e atividades. Fá-lo-emos mal se não usarmos esta pesquisa de temas como oportunidade para os ensinar a pesquisar informação e a alargar os seus interesses e horizontes culturais.
Há outro risco associado ao acesso fácil a informação: o de nos tornarmos consumidores preguiçosos de informação, sem termos problemas e desafios intelectuais com que lidar. A vida em campo é um desafio intelectual por excelência. O jovem que se depara com um campo vazio, uma tenda por montar e um conjunto de barrotes e espia, e tem uma manhã para construir um campo de patrulha enfrenta um desafio cognitivo que não é elementar. No meio da serra, o Google ou as construções fáceis do Ikea não o vão ajudar. Terá de ser ele, em conjunto com o seu grupo, a superar-se e a lidar, de forma inteligente, com o problema que tem pela frente.
Desenvolver a inteligência dos jovens é crucial em qualquer movimento educativo cristão. Crescer em Cristo implica crescer livre para entender o caminho que é oferecido. O jovem a quem não é oferecido um caminho de promoção da inteligência não poderá ser convidado a conhecer o Evangelho, porque não terá instrumentos para entender, optar ou querer aprender mais. Se queremos ser escola de Fé, temos de perceber que só vale a pena educar se assumirmos o risco que é educar para a Liberdade – um risco que compensa quando a inteligência se desenvolveu e quando a matriz enquadradora que associa responsabilidade a Liberdade está presente.

João Costa (Chefe Regional)

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14 de Fevereiro de 2012