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Bênção do primeiro mosto

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A vila e a paróquia de Sta. Maria e S. Pedro de Palmela estiveram em festa no passado domingo, dia 7 de setembro, com a tradicional pisa da uva e bênção do primeiro mosto, momento singular da Festa das Vindimas que atraiu centenas de visitantes.

Integrado no programa da 52ª Festa das Vindimas, esta cerimónia, que se crê ser única no país, acontece desde a primeira edição das festas em 1963 e simboliza, por um lado, a concretização do trabalho desenvolvido nos campos e a transformação da uva em mosto, e posteriormente em vinho, bem como o agradecimento a Deus, através da bênção do mosto, por mais um ano frutífero de colheitas. Esta cerimónia foi inspirada numa semelhante que ocorre na Festa das Vindimas de Jerez de la Frontera no sul de Espanha, atual Cidade Europeia do Vinho, titulo que Palmela já recebeu também no ano de 2012.

A cerimónia começou com a pisa das uvas pelos adegueiros, segundo o método artesanal, e ao som de músicas populares tocadas pelos Gaiteiros do Círio da Carregueira e da orquestra Cavalinho da Sociedade Filarmónica Humanitária. O momento alto, a produção do primeiro mosto, foi acompanhado pelo tocar dos sinos da Igreja que se fez ouvir por toda a Vila. De seguida, o mosto foi colocado em pequenos barris, foi analisado pelo enólogo da Confraria do Moscatel de Setúbal que referiu que «este ano o grau é de 13,25º», e foi posteriormente entregue ao Diácono Manuel José dos Santos, que abençoou o primeiro mosto e referiu que “esse será o vinho da justiça, da piedade, da fé e da caridade em Deus que nos dá todos os bens para nosso proveito”. Como é tradição em Palmela, o vinho produzido a partir do primeiro mosto será entregue à paróquia, para ser utilizado nas celebrações litúrgicas do ano seguinte.

A cerimónia prosseguiu com a celebração Eucarística presidida pelo pároco Pe. José Maria Gonçalves Furtado onde uma vez mais a comunidade, as entidades oficiais, os responsáveis da festa das Vindimas, os produtores de vinho e a rainha e damas de honor das vindimas se uniram para reconhecer e agradecer os frutos da colheita e todos os dons de Deus. O padre de Palmela relembrou que “um é aquele que semeia, outro o que cuida do terreno, retirando as ervas daninhas, outro ainda, olha e observa e trata para que os males não entrem na planta e corrompam por dentro, neste cuidar também entra a poda, mas em todo este processo é Deus quem dá o crescimento e o são desenvolvimento.”

“Conhecer Deus leva-nos à abertura do coração, e é preciso arriscar, ir mais além, conhecer o mundo de Deus em nós, para nós.” Citando o Papa Francisco, o pároco de Palmela referiu também que devemos “saber olhar e cuidar dos que connosco caminham”, indicando a correcção fraterna como um elemento essencial nas relações humanas e deixando o desafio: «para que não te percas, vê se recuperas o teu irmão; vai, segue, não desistas». “Quem quer a Paz, deverá ser construtor da Paz”, concluiu.

Em Palmela, o final do verão reveste-se de um clima de festa, onde se relembra a tradição vitivinícola do concelho e se celebra o fruto do trabalho na terra.

Os diversos produtores acompanham mais um terminar do ciclo da terra e início da produção de novo vinho, e a Vila sede do Concelho enaltece a qualidade da fruta e do vinho, naquela que é a maior mostra da produção regional, a Festa das Vindimas.

 

Rita Silvério

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26 de Setembro de 2014