O grupo “Jovens A Caminho…” da Paróquia da Cova da Piedade esteve em Roma na Missa que marcou o encerramento solene da 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos. Foram para agradecer os vinte anos de existência do grupo mas a acabaram por testemunhar um momento histórico na Igreja.
Pedro Mateus, responsável pelo grupo, deixa-nos, em seguida, o seu testemunho.
A nossa Peregrinação a Roma foi em Acão de Graças pelo 20º aniversário do nosso grupo de jovens. Quis Deus que estivéssemos presentes neste dia tão especial para a nossa Igreja.
Ao longo da preparação da peregrinação, fui alertando o grupo para a importância da data e do momento. Estaríamos em Roma a viver e presencial algo histórico, ainda por cima dedicado aos Jovens e seriamos uns privilegiados por participar na Eucaristia de encerramento, pois de certeza que se iria começar a ver o resultado do Sínodo. E foi! A carta lida levanta a ponta do véu do documento final e percebemos a linha orientadora do mesmo.
Como orientador de um grupo de jovens, sinto que o documento vem na linha seguida pelo Papa, de mostrar aos jovens que esta é a sua Igreja e que são acolhidos. Muito interessante o pedido de desculpas dado pelo Papa aos jovens “Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos se, em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos”. De facto, quantos jovens sentiram que não foram ouvidos, que não conseguem encontrar o seu espaço nas suas comunidades, quantos sentem que em vez de serem compreendidos são criticados?
Este Sínodo também deixa um grande desafio para a nossa diocese, e o facto do nosso bispo dedicar os próximos 2 anos aos jovens, revela também a sua preocupação. Desde a sua chegada que tem dedicado especial atenção aos mesmos. Lembro-me, que no seu primeiro ano, fizemos um encontro no Seminário de Almada que terminava com uma procissão até ao Cristo Rei em Julho, no pico do calor. Saímos por volta das 15h e o D. José Ornelas acompanhou-nos nessa procissão, falando e conhecendo melhor os seus jovens e desde essa altura sentimos que ele também era um jovem, atento às nossas necessidades.
Este Documento é um grande desafio para toda a Diocese, é preciso trabalhá-lo e colocá-lo em prática. Os jovens necessitam de ter espaço na Igreja, precisam de serem acarinhados, sabemos que vão errar, mas também sabemos que vão acertar muito mais vezes. Precisam de ser orientados e não julgados, precisam de ser responsabilizados, precisam de ter voz ativa nas comunidade, precisam de fazer parte dos conselhos pastorais, dos movimentos existentes dentro da comunidade, não podem ser um mundo à parte e olhado de lado.
Como é que ainda temos tantas paróquia sem grupos de jovens? Que caminho seguem os que fazem o Crisma? Porque abandonaram a igreja? Continuamos, por vezes, a olhar para os jovens que crescem na comunidade como crianças, já tiraram o seu curso, já cresceram, já tem ideias novas e boas e prontos a trabalhar, mas continuam a ser olhados como crianças… devemos dar lugar aos jovens! Se há coisa que mais gosto de fazer é dar o meu lugar aos jovens, quer seja a fazer uma leitura na Eucaristia, quer seja na catequese, quer seja num conselho pastoral, eles são o futuro!
Esta nossa Igreja tem que ser como uma mãe que acolhe o seu filho, não importa o tamanho do erro, importa o tamanho do perdão e do amor e esse amor tem que ser manifestado por cada um de nós que somos e fazemos Igreja. Que cada comunidade consiga lembrar-se sempre da mensagem que Cristo nos deixou “Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.”(Mt 25, 45) é tão simples, basta por em prática o evangelho!
Na sua humildade, ao terminar o Angelus, o Papa pediu para rezarmos por ele, termino este texto pedindo a todos para rezarmos pelo papa, mas também pelos jovens da nossa diocese.
Pedro Mateus