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Liturgia Diária: Quinta-feira da XIII Semana do Tempo Comum – “Os teus pecados estão perdoados” (Mt 9, 1-8)

Igreja em Rede - formato diocese

Liturgia de Quinta-feira da XIII Semana do Tempo Comum

Comentário à liturgia de hoje pelo Padre Pedro Cerantola, Pároco “in solidum” de Amora

Eis-nos novamente diante de um episódio taumatúrgico de Jesus, a cura de um paralítico, relatado por Mateus. Lucas e Marcos também nos deixaram relato do milagre, mas insistem em dizer-nos como o doente foi trazido num catre e deposto, passando por um buraco feito no telhado da casa, aos pés de Jesus.

Mateus simplesmente nos mostra o doente deitado num catre e apresentado a Jesus. A Mateus não interessa muito a narração do milagre, mas mais o tema da cura do perdão dos pecados. O doente era para a assistência um “castigado” por Deus. A mentalidade rigorosa judaica considerava toda a doença como sequela de uns pecados do doente ou de alguém da família, e quem podia curar do mal podia ser só Deus. Para eles era intolerável a atitude misericordiosa de Jesus com os pecadores. E abertamente acusam Jesus de blasfémia. Jesus, portanto, é forçado a se defender e aproveita a cura milagrosa para justifica o poder que tem, como Filho do Homem (Dan 7, 13-14). Sem meios termos diz diante de todos: “Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados”, e confirma com “Levanta-te e anda, livre para tua casa, tua vida”.

E mais: é uma ocasião única para Jesus anunciar que tem o poder de confiar aos homens o poder divino do anúncio da reconciliação. E a palavra divina na boca do ministro opera o que anuncia. Jesus não tem meios termos: está na comunidade cristã, nesta terra, o lugar da reconciliação, pois é nela que se actua o poder messiânico que o Pai confiou a Jesus. Não faltaram, e nem hoje faltam, as discussões acerca disso com o judaísmo de outrora e os “judaísmos” modernos. Quantos “cristãos”, ainda hoje, dizem que eles se confessam só a Deus e não precisam da palavra sacramental do anúncio da reconciliação (será para eles também uma “blasfémia” de Jesus?). Jesus hoje reivindica diante dos seus adversários o que também confirmará depois da Ressurreição, no momento da efusão do Espírito Santo, para os ministros da Igreja: a missão messiânica da reconciliação.

Marcos e Lucas nos seus evangelhos relataram o louvor a Deus do povo que assistiu à cura do paralítico; Mateus faz questão de ressaltar  que o motivo para dar louvor a Deus é o dom do poder do perdão confiado aos homens, na terra, isso é, à comunidade cristã.

Os crentes devem então dar graças a Deus com imensa alegria, pois assim a Igreja é o lugar da libertação dos pecados e da liberdade dos reconciliados.

Padre Pedro Cerantola

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02 de Julho de 2020