O Bispo de Setúbal presidiu à Eucaristia da Ceia do Senhor na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Faralhão. A celebração, na Quinta-feira Santa, assinala o início do Tríduo Pascal e o momento da instituição da Eucaristia.
A Paróquia de Faralhão e Praias do Sado acolheu D. José Ornelas, sendo saudado pelo Pároco, Padre Abraão Kasisa. No início da celebração, o prelado deu nota dos avanços positivos na construção da Igreja e Centro Paroquial, elogiando a comunidade.
“Gostaríamos que esta igreja já estivesse concluída. Como toda a Igreja, toda a Diocese, esta é uma Igreja em caminho, em construção”, salientou D. José Ornelas.
Na homilia, relembrou-se a última noite de Jesus com os seus discípulos. “A noite da despedida, a noite que anuncia todo o futuro” nas palavras do bispo diocesano.
“Celebrar a Ceia Pascal, era já no tempo de Jesus, algo muito importante e especial, até na forma como era preparada”, começou por dizer, detalhando que era recomendado aos judeus comer esta refeição “à maneira romana, estendidos numa espécie de sofás”, pois deviam comer “como pessoas livres”.
“Deus nos libertou e por isso temos de comer como pessoas livres. Esta é a festa da liberdade”, frisou, acrescentando que a Páscoa era uma festa muito mais antiga mas que para os judeus tem este significado da libertação.
“Somos pessoas livres porque Deus nos libertou para sermos pessoas felizes e fazermos felizes os outros”, salienta.
“Jesus celebra esta Páscoa com os discípulos. Não vai anular este sentido judaico, vai dar um novo sentido. Vai ajudar a perceber o que é a libertação total” de forma construtiva, empenhada num mundo novo.
“Nesta noite, Ele manifesta dois gestos de amizade: o primeiro é levar os pés, algo reservado aos servos dos grandes senhores, um gesto de carinho. Pedro tem reservas mas Jesus diz-lhe se não lhe lavar os pés não tem lugar consigo.”
“Tomou o avental do serviço, para servir, para lavar os pés, para que eles entendessem o que significa ser mestre, o que significa ser Deus, que gosta deles. Ele tem gosto de lavar os pés, não se humilha, não é uma obrigação ou um ato de humildade: é um ato de carinho. É assim que têm de fazer uns aos outros. Têm que aprender o que é ser mestre e senhor”, elucidou.
Para D. José Ornelas, este momento ajuda-nos a perceber o que é pôr a vida ao serviço, dar a vida todos os dias. “Hoje em dia, o avental são as máscaras que usamos. Faz parte do nosso serviço, no cuidado aos outros”, complementa.
O segundo gesto é o momento em que Jesus apresenta o pão e o vinho: “Trouxe o pão e Deus graças a Deus. Mas juntou algo de estranho, que não estava no ritual. Diz: ‘Este Pão, tomai e comei, este é o meu corpo que será entregue por vós.’ Ele sabe o que está para vir, e entregou este pão, que era ele mesmo.”
De seguida, o vinho, no cálice. ‘Este Sangue da nova aliança, sangue derramado por vós.’ Sinal de morte, do serviço levado até último extremo, do dom da Vida. Porque ele vai dar a vida por nós”.
“O pão é o que come. O pão torna-se nós. Eu estou no pão que vocês comem. Eu vou estar cada vez que celebrarem, e é para ser o vosso alimento. Jesus quer dizer que nós vamos aprender a pensar como ele, sentir como ele sente, amar como Ele ama. ‘A minha vida será a vossa vida. Eu vou partir, mas vocês vão continuar aqui, têm que ser uns para os outros aquilo que Deus é para vocês.”
Segundo D. José Ornelas, na “Eucaristia damos graças a Deus pelo pão que Ele no dá. Ele que é nosso alimento, a nossa vida, desenha o nosso projeto mudando o nosso coração, a nossa vontade e a nossa inteligência. Faz isso para que o mundo mude, para que neste mundo façamos a sua obra.”
Na Eucaristia, “Deus dá-nos a força de continuarmos. Vamos acabar esta Igreja, esta é uma obra de Deus não é nossa. Deus dá-nos força”, conclui o Bispo de Setúbal.
Faralhão e Praias do Sado foi elevada a Paróquia em 2010 e a atual igreja encontra-se em construção desde 2014.
JM