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Saúde/Testemunho: Ser enfermeira em tempos de covid-19

Carla Rocha, enfermeira há 17 anos, partilhou com a Diocese a sua experiência pessoal na primeira linha de combate à Covid-19 e o seu testemunho de cuidado ao próximo. Uma partilha por ocasião do Dia Internacional do Enfermeiro 2021, assinalado a 12 de maio.

Católica praticante, Carla é da Paróquia da Quinta do Anjo. Trabalha com doentes do foro ambulatório e, no início da pandemia, foi lhe pedido para prestar cuidados de saúde numa Unidade de Covid-19.

“Tínhamos que nos adaptar dia a dia, às situações que iam acontecendo, especialmente nesta segunda vaga em que houve mais internamentos, em que diariamente se mudavam normas” confidenciou na entrevista concedida à Diocese.

“A pandemia desinstalou-nos. Obrigou-nos a reagir, a ter uma atenção especial ao doente, a ter uma disponibilidade maior enquanto profissionais de saúde” explicou, acrescentando que um dos desafios foi tentar arranjar formas de contacto entre os doentes e os seus familiares, por exemplo por videochamada.

“Apesar dos equipamentos de proteção, nós éramos os únicos sorrisos que os doentes podiam ver no seu dia a dia. E por isso, é uma graça muito grande poder levar um bocadinho de alegria, de boa disposição, de felicidade àqueles que estão ali mais confrontados com a sua fragilidade, num momento de doença” referiu Carla Rocha.

“Eu costumo sempre dizer que um hospital é um local muito privilegiado para se trabalhar – continuou – Porque quando estamos doentes, quando nos acontece alguma adversidade que nos incapacita, todo o nosso ser vem ao de cima.”

“Eu costumo dizer que todas aquelas pessoas são diamantes em bruto porque aquela fragilidade faz com o que todo o nosso ser venha ao de cima, seja ele bom ou menos bom. Mas permite-nos a nós, profissionais de saúde, acompanhar estas pessoas. É como se lapidássemos este diamante, como se fossemos, no fundo, ajudar estas pessoas a encontrar o seu sentido para a vida”.

A enfermeira falou ainda sobre a importância da espiritualidade como parte do cuidado integrado ao doente, bem como da espiritualidade do enfermeiro, especialmente numa pandemia.

“É muito difícil para nós perceber que não estamos a conseguir chegar a todos. É aqui que entra a nossa limitação humana, a nossa fé e rezamos: “Jesus, eu faço o que eu consigo. Tu faz o que eu não consigo”, concluiu.

JM

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13 de Maio de 2021