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A Palavra do Papa: o rosto da esperança, os conversores de bem, os espelhos de Cristo e o mestre do essencial

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O Santo Padre entregou o Prémio Ratzinger a dois professores e a Grã-Cruz da Ordem Pia a dois jornalistas vaticanistas. Na sua homilia do Dia Mundial dos Pobres, pede-nos que sejamos “construtores incansáveis de esperança”.

Ciência: Ratzinger, um magistério luminoso e um amor infalível pela Verdade

Na manhã de sábado, 13 de novembro, Francisco participou na entrega do Prémio Ratzinger à professora Hanna-Barbara Gerl-Falkovitz e ao professor Ludger Schwienhorst-Schönberger que testemunham um “vínculo duradouro” em benefício do serviço da Igreja no mundo da cultura.

O Papa Francisco aproveitou a oportunidade para saudar e falar com estima e carinho do seu predecessor “um exemplo de dedicação apaixonada ao estudo e à investigação” que sempre uniu “a sua fé e o seu serviço à Igreja”.

A apresentação das obras dos premiados, continuou o Papa Francisco, deu-nos a oportunidade de observar as “correntes do espírito” da filosofia à religião, à fenomenologia do ser e a evocação dos nomes de muitos “grandes mestres da filosofia e da teologia de nosso tempo”, interlocutores das suas pesquisas, tais como Guardini, De Lubac, Edith Stein, Lévinas, Riceuur e Derrida, até McIntyre, “nos educam a pensar para viver a nossa relação com Deus e com os outros cada vez mais profundamente, para orientar a ação humana com virtude e sobretudo com amor”.

O lema ‘cooperatores veritatis’ continua a inspirar o compromisso dos estudiosos premiados pela Fundação Ratzinger e Francisco concluiu afirmando que essas palavras ‘podem e devem inspirar cada um de nós no nosso trabalho e nas nossas vidas’.

Papa aos jornalistas: a realidade é o grande antídoto para muitas ‘doenças’

Na mesma manhã, o Papa Francisco entregou as insígnias de ‘Dama’ e ‘Cavaleiro’ da Grã-Cruz da Ordem Pia a dois jornalistas vaticanistas: a senhora Valentina Alazraki e o senhor Philip Pullella que há muitos anos acompanham as notícias sobre os Papas e a Igreja. Francisco iniciou saudando-os como “companheiros de viagem” pelos inúmeros encontros no decorrer dos anos nos aviões, celebrações e encontros com peregrinos.

A missão do jornalista é explicar o mundo, torná-lo menos obscuro, fazer com que as pessoas tenham menos medo e possam olhar para os outros com maior consciência, e também com mais confiança. É uma missão difícil,” advoga.

“É por isso que vos encorajo a preservar e cultivar esse sentido de missão – continuou Francisco – que está na origem da sua escolha. Faço-o com três verbos que acredito caracterizarem o bom jornalismo: escutar, aprofundar, contar.”

“A realidade é um grande antídoto para muitas ‘doenças’. A realidade, o que acontece, as vidas e os testemunhos das pessoas, são o que merece ser contado” afirmou o Papa, agradecendo o trabalho dos jornalistas que contam a verdade, especialmente “sobre o que está errado na Igreja, por nos ajudar a não esconder debaixo do tapete e pela voz que vocês deram às vítimas de abusos”.

O Papa a empresários cristãos: crescer com criatividade

“Cresçam com criatividade! Não tenham medo! E se houver medo, pensem na criatividade que os seus pais tiveram. Vocês devem levar adiante esta criatividade! Esta é a exortação que o Papa dirige à União Cristã Internacional de Dirigentes de Empresas (Uniapac).

Francisco, que a 6 de novembro passado recebeu em audiência o presidente desta associação, Bruno Bobone, lembra em mensagem que, especialmente hoje, a criatividade é um aspeto crucial.

Na mensagem em vídeo, transmitida nas redes sociais da Uniapac, o Pontífice exorta as pessoas a olharem para o Senhor: “Deus ensinou-nos a criatividade”. “Um empresário que não tem criatividade”, afirmou, “não é um bom empresário, porque não saberá dar-lhe um valor, ou guardará tudo para si, e assim não cresce”.

A Uniapac surgiu como a Conferência Internacional das Associações de Empresários Católicos, formada por associações da Holanda, Bélgica e França, no quadragésimo aniversário da “Rerum novarum”, com o objetivo de reunir empresários e dirigentes que, no desempenho das suas funções e tarefas profissionais, são inspirados pela Doutrina Social da Igreja.

Dia Mundial dos Pobres: levemos aos pobres a esperança com ternura, sem os julgar

Neste domingo, 14 de novembro, em que a Igreja celebrou o 5° Dia Mundial dos Pobres, na homilia da Santa Missa celebrada na Basílica de São Pedro o Papa Francisco falou sobre as imagens utilizadas por Jesus para nos dar esperança.

Depois de falar sobre o Evangelho de Marcos (13, 24-28) no qual se recorda que “da total obscuridade, há de vir o Filho do Homem” disse:

O Evangelho ajuda-nos a ler a história, captando dois aspetos dela: a dor de hoje e a esperança de amanhã. Por um lado, evocam-se todas as dolorosas contradições em que a realidade humana vive imersa em cada tempo; por outro, há o futuro de salvação que a espera, isto é, o encontro com o Senhor que vem para nos libertar de todo o mal”.

“O Dia Mundial dos Pobres que estamos a celebrar, pede-nos que não viremos o rosto para o outro lado, não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais frágeis. Por outro lado, refere, “Jesus quer abrir-nos à esperança, arrancar-nos da angústia e do medo à vista da dor do mundo”.

O Papa Francisco pede, a nós cristãos, que sejamos “construtores incansáveis de esperança; luz enquanto o sol se obscurece; testemunhas de compaixão enquanto ao redor reina a distração; presenças atentas na indiferença generalizada”.

Jesus quer-nos ‘conversores de bem’: pessoas que, imersas no ar pesado que todos respiram, respondem ao mal com o bem (cf. Rm 12, 21). Pessoas que agem: partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, elevam os pobres e devolvem-lhes a sua dignidade”.

Por fim encorajou todos com as palavras de Lucas: “Coragem, o Senhor está próximo! Também para ti há um verão que desabrocha no coração do inverno. Mesmo da tua dor, pode ressurgir a esperança”. E conclui: “Levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, sem os julgar. Porque lá, junto deles, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera”.

Angelus: basear a própria vida na Palavra de Deus

No Angelus deste domingo, Dia Mundial dos Pobres, o Papa falou sobre a passagem evangélica de Marcos que anuncia: “O sol escurecerá, a lua não dará mais a sua luz, e as estrelas cairão do céu” (Mc 13, 24-25)”.

Uma passagem sobre a escolha entre as coisas passageiras e a Palavra que é eterna. “Basear a própria vida na Palavra de Deus não é fugir da história, mas mergulhar nas realidades terrenas para torná-las sólidas, para transformá-las com o amor, imprimindo nelas o sinal da eternidade, o sinal de Deus.”

Afirma Francisco que “Ele estabelece uma distinção entre as penúltimas coisas, que passam, e as últimas coisas, que permanecem. Esta é uma mensagem preciosa para nós, para nos orientar nas escolhas importantes da vida. Em que convém investir as nossas vidas? No que é transitório ou nas palavras do Senhor, que permanecem para sempre? Obviamente sobre estas. Mas não é fácil.”

De facto, advertiu o Papa, “as palavras do Senhor, embora belas, vão além do imediato e exigem paciência. Somos tentados a nos agarrar ao que vemos e tocamos e que nos parece mais seguro. Mas isto é um engano” continuou.

Para construirmos nossa casa sobre a rocha devemos nos perguntar:

Qual é o centro, o coração palpitante da Palavra de Deus? O que, em suma, dá solidez à vida e jamais terminará? São Paulo diz-nos: ‘A caridade jamais terá fim’. Aquele que faz o bem investe para a eternidade.”

Por fim o Papa concluiu suas palavras com um conselho de Santo Inácio de Loyola para fazer as escolhas importantes:

Antes de decidir, imaginemos que estamos diante de Jesus, como no fim da vida, diante d’Aquele que é amor. Pensando em nós mesmos ali, na sua presença, no limiar da eternidade, tomemos a decisão para o hoje. Pode não ser a mais fácil, a mais imediata, mas a decisão boa”.

Depois do Angelus deste domingo que a Igreja celebra o 5° Dia Mundial dos Pobres, o Papa recordou a data lembrando o tema deste ano: ‘Sempre tereis pobres entre vós’. (Mc 14,7).

“A humanidade progride, desenvolve-se, mas os pobres estão sempre connosco, há sempre os pobres, e neles Cristo está presente, Cristo está presente nos pobres”, declara.

Franciscanos Seculares: “Sejam espelhos de Cristo”

Na manhã desta segunda-feira, Francisco recebeu os participantes no Capítulo Geral da Ordem Franciscana Secular. O Papa iniciou saudando a todos com as palavras que São Francisco dizia aos que encontrava: “Que o Senhor lhe dê a paz!” e acrescentou que gostaria de lembrar alguns elementos próprios da vocação e missão dos Franciscanos Seculares.

A sua vocação nasce do chamado universal à santidade. O Catecismo da Igreja Católica recorda-nos que os leigos participam do sacerdócio de Cristo”, disse o Papa e “esta santidade, à qual vocês são chamados como Franciscanos Seculares”, envolve a conversão “do coração, atraído, conquistado e transformado por Aquele que é o único Santo, que é ‘o bem, todo bem, o bem supremo’. Isto é o que faz de vocês – continuou o Pontífice – verdadeiros ‘penitentes’.

O Papa adverte para não confundir ‘fazer penitência’ com ‘obras de penitência’: “Estas – jejum, esmola, mortificação – são consequências da decisão de abrir o coração a Deus”. E acrescentou: “Abrir o coração a Deus! Abrir o coração a Cristo, vivendo no meio das pessoas comuns, no estilo de São Francisco. Como Francisco era um ‘espelho de Cristo’, assim também vocês podem se tornar ‘espelhos de Cristo’.

“Que a sua secularidade seja cheia de proximidade, compaixão e ternura. E que vocês sejam homens e mulheres de esperança, comprometidos em vivê-la e também em ‘organizá-la’, traduzindo-a nas situações concretas de cada dia, nas relações humanas, no compromisso social e político; alimentando a esperança no amanhã, aliviando a dor de hoje”, apelou.

Papa: os refugiados são o sinal e o rosto da esperança

Por ocasião do 40°aniversário do Centro Astalli, o Serviço dos Jesuítas para os Refugiados na Itália, o Papa Francisco enviou uma saudação especial a todos os responsáveis, migrantes e refugiados.

O Santo Padre refletiu que os “últimos quarenta anos da história humana não foram uma progressão linear: o número de pessoas forçadas a fugir de sua pátria está aumentando constantemente”.

Francisco ponderou também que “muitos tiveram que fugir de condições de vida comparáveis às da escravidão, onde a pessoa humana é privada da sua dignidade e tratada como um objeto”, reconhecendo que “infelizmente, em muitos casos, o facto de partir por este caminho não foi uma verdadeira libertação; com muita frequência vocês se deparam com um deserto de humanidade, com uma indiferença que se tornou global e que mostra a aridez das relações entre as pessoas”.

Porém, nestes quarenta anos e neste deserto – continuou Francisco – houve muita esperança que nos permite sonhar em caminhar juntos como um novo povo ‘em direção a um nós cada vez maior’. Vocês, queridos refugiados, são o sinal e o rosto desta esperança” acrescentando que também são sinais desta esperança os “muitos homens e mulheres de boa vontade que deram seu tempo e energia ao Centro Astalli nestes 40 anos”.

O Papa conclui desejando que “neste aniversário a “cultura do encontro” seja realmente realizada, e que como povo que somos apaixonados por querer nos encontrar, procuremos pontos de contato, construindo pontes, planejando algo que envolva todos”.

O Papa agradece a religiosos e leigos que ajudaram doentes de HIV e AIDS

O Santa Padre expressou a sua gratidão numa carta ao jornalista Michael O’Loughlin, correspondente da revista America, autor de um ensaio recentemente publicado intitulado “A misericórdia escondida: a AIDS, os católicos e as histórias jamais contadas de compaixão diante do medo”.

Francisco agradece profundamente aos muitos sacerdotes, freiras e leigos que ajudaram doentes de AIDS e HIV, mesmo à custa das suas vidas, nos anos 80 e 90, quando a epidemia deste vírus ainda desconhecido registava uma taxa de mortalidade de quase 100%. Elogia a “misericórdia” demonstrada por essas pessoas, mesmo colocando em risco a sua profissão e reputação.

Na breve missiva, Francisco escreve: “Obrigado por iluminar a vida e o testemunho dos muitos sacerdotes, religiosos e leigos que escolheram acompanhar, apoiar e ajudar seus irmãos e irmãs doentes de HIV e AIDS em grande risco para sua profissão e reputação”. “Em vez da indiferença, alienação e até mesmo condenação – continua o Pontífice -, estas pessoas deixaram-se comover pela misericórdia do Pai e permitiram que ela se tornasse a obra de suas próprias vidas; uma misericórdia discreta, silenciosa e escondida, mas ainda capaz de sustentar e dar novamente vida e história a cada um de nós.”

Audiência Geral: José nos ensina a olhar para a periferia, para aquilo que o mundo não quer

O Papa Francisco iniciou um ciclo de catequeses sobre São José, na Audiência Geral, desta quarta-feira, 17 de novembro, realizada na Sala Paulo VI, sobre o tema “São José e o ambiente em que viveu”.

O Santo Padre recordou que em “8 de dezembro de 1870, o Beato Pio IX proclamou São José padroeiro da Igreja universal”.

Depois de 150 anos daquele evento, estamos a viver o um ano especial dedicado a São José, e na Carta Apostólica Patris Corde recolhi algumas reflexões sobre a sua figura. Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes componentes, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero nos possa ajudar ulteriormente a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho.

José ensina-nos a não olhar muito para as coisas que o mundo louva, mas a olhar para o ângulo, olhar para as sombras, para a periferia, para aquilo que o mundo não quer. Lembra a cada um que devemos dar importância ao que os outros descartam.”

“Neste sentido, ele é um mestre do essencial: lembra-nos que o que é realmente valioso não atrai a nossa atenção, mas requer um discernimento paciente para ser descoberto e valorizado. Peçamos-lhe que interceda para que toda a Igreja possa recuperar este discernimento, esta capacidade de discernir e avaliar o que é essencial. Comecemos de novo a partir de Belém, comecemos de novo a partir de Nazaré”, disse ainda Francisco.

Justiça e Paz: cuidado da casa comum e fraternidade são as vias para sair da crise

O Pontífice enviou uma mensagem aos participantes do Encontro mundial das Comissões Justiça e Paz, que se reúnem para partilhar experiências, avaliações e propostas para a era pós-Covid. Esperança, determinação e criatividade: são estes os votos do Papa Francisco.

“O desenvolvimento integral – e portanto a justiça e a paz – pode ser construído através destas duas vias: o cuidado da casa comum e a fraternidade e a amizade social. Duas vias que têm sua origem no Evangelho de Cristo, mas sobre as quais podem caminhar juntos homens e mulheres de outras confissões e religiões ou sem credo.”

“Portanto, eu encorajo-vos a levar avante este trabalho com esperança, determinação e criatividade. E faço-o bem sabendo quão difícil é o contexto atual, caracterizado pela crise sanitária e social devido à pandemia da Covid-19 e por antigos e novos focos de conflito.”

JM (com recursos jornalísticos do portal de notícias Vatican News)

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17 de Novembro de 2021