Aconteceu no sábado, dia 5 de Março, o primeiro dos concertos do Ciclo de Órgão e Canto na Igreja de São Sebastião, com Manuela Moniz no canto e João Santos no órgão.
No âmbito das acções que visam a recuperação do património da igreja, os Amigos da Paróquia vão criando e reinventando actividades e, desta feita, resolveram potenciar uma das obras de arte da igreja, que é o órgão de tubos, ibérico e neoclássico, em concreto do ano 1720. É especial pela qualidade, não só na cidade, mas em toda a Diocese. Teve um grande restauro em 1992 e de há quatro anos para cá, algumas intervenções para revisão e manutenção, sempre pelo mesmo organeiro António Simões, que já há trinta anos o tinha restaurado.
No início, o Padre Casimiro Henriques deu as boas vindas e, após um minuto de silêncio pela paz na Ucrânia, agradeceu a todos os presentes e entidades, proferindo ainda umas palavras de agradecimento a D. José Ornelas, pela sua disponibilidade e apoio.
D. José, por sua vez, também endereçou a todos, os agradecimentos por este evento e por todos os outros, desejando a continuação de sucesso no trabalho e acções futuras. Deu ainda conta o Padre Casimiro de mais uma importante recuperação da arte da igreja, neste caso, uma das telas de Pedro Alexandrino “O Menino entre os Doutores” e já a preparação de uma segunda tela do mesmo autor, para seguir para restauro.
Numa simbiose perfeita de órgão e canto, o programa versou peças de Remo Giazotto, Haendel, Pergolesi, Bach, Purcell, Vivaldi, Andrew Lloyd Webber, Caccini, Micael Lorenc e no final, perante a insistência de uma audiência aplaudindo de pé, um encore de Puccini, “Nessum Dorma”.
Os Amigos da Paróquia de S. Sebastião, começaram por agradecer a todos a sua presença e reiteraram os agradecimentos a D. José Ornelas, até há pouco nosso Bispo, por todo o apoio incondicional, tanto logístico, na cedência da Casa Episcopal, como de incentivo e entusiasmo para com os seus eventos, estando presente sempre que lhe era possível. E, claro, o apoio e generosidade dos artistas que tem sido imenso. É o caso destes grandes músicos, que com grande prontidão logo aceitaram o convite endereçado.
No final do concerto, pediu-se aos músicos para descerem do Coro Alto, a fim de lhes agradecerem pessoalmente, perante uma ovação enorme de todos os presentes, pela excelência de concerto que a todos maravilhou. Assinalaram esse momento inesquecível com uma oferta, uma serigrafia de uma pintura de Luis Dias, precisamente sobre o órgão de tubos de S. Sebastião.
Aproveitaram para dizer que no verso do bilhete e marcador, estão as datas para os próximos concertos do ciclo de órgão e canto, sendo no dia 23 de Abril o segundo concerto da temporada.
Tal como já vem sendo habitual, estiveram presentes os Vice-Presidentes da Câmara Municipal de Setúbal e da Junta de Freguesia de S. Sebastião, representantes de instituições, bem como muitos paroquianos e amigos da causa.
João Santos e Manuela Moniz
João Santos, pianista, maestro e compositor, licenciou-se em Música Sacra na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa do Porto. Organista premiado, contactou com diversos vultos de renome internacional e participou em vários concursos. Apresenta-se regularmente como concertista, destacando-se a Catedral de Westminster, Catedral de Notre Dame de Paris, Orgelfestival Rhür (Alemanha), St. Christoph Summer Festival (Vilnius), entre outros. Foi solista com a Orquestra Clássica da Madeira e tem participações com a Orquestra Filarmonia das Beiras, Orquestra Clássica do Centro e Orquestra Sinfónica Portuguesa – Casa da Música.
É um compositor premiado nas áreas de orquestra de sopros, música coral e também na área do órgão, onde foi agraciado com dois primeiros prémios do concurso internacional de composição “Órgãos de Mafra”. Tem também assistido a publicações e estreias de obras suas, com encomendas para diversas instituições como o Festival do Estoril-Lisboa, bem como inúmeros pedidos na área da música litúrgica. Destaca-se ainda a sua colaboração em várias revistas. João Santos é pianista acompanhador do dueto de contratenores Encanto, com o qual se apresenta regularmente em digressões nacionais e internacionais. Dirige desde a sua fundação o Coro Carlos Seixas (Coimbra) e foi organista titular do Santuário de Fátima entre 2010 e 2018. É organista titular da Catedral de Leiria desde 2007.
Manuela Moniz, soprano, natural de Leiria, licenciou-se em Canto na Escola Superior de Música de Lisboa. Fez uma Pós-graduação em Canto Clássico em Amesterdão, Mestrado em Artes Musicais pela Universidade Nova de Lisboa e Mestrado em Ensino da Música pela Escola Superior de Música de Lisboa. Entre 1992 e 1998 foi membro do Coro Gulbenkian, realizando com o Coro Sinfónico e Coro de Câmara concertos na Europa, América Latina e Japão e em diversas destas ocasiões interpretou solos. Cantou com várias orquestras, entre outras, a Orquestra do Século XVIII, Orquestra Gulbenkian, Orquestra do S. Carlos, Orquestra das Beiras.
Foi soprano no filme – performance “Registo de Viver”. Formou duo com vários pianistas em recitais de música de câmara, apresentando-se entre outros, no Teatro S. Luiz de Lisboa, na Fundação Gulbenkian, no CCB em Lisboa, no TAGV de Coimbra. Participou em vários Festivais de música, nomeadamente Ibéricos. Realizou vários concertos com Árias de Ópera acompanhada pela Banda da Armada e a Banda da GNR. Tem realizado muitos concertos de música de câmara, entre os quais se destaca o concerto de música arménia na Fundação Calouste Gulbenkian com músicos solistas da Gulbenkian e S. Carlos.
Isabel Melo, p’los Amigos da Paróquia de São Sebastião
