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A Palavra do Papa: o Alpha e o Omega, os jovens com asas e raízes, a criatividade missionária e a nobreza da velhice

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Nos últimos dias, o Papa falou aos jovens pedindo coragem e criatividade na missão, convidando-os a ser “companheiros de viagem” de Jesus. “A velhice é a fase da vida mais adequada para difundir a boa notícia de que a vida é uma iniciação para uma realização definitiva. Os velhos são uma promessa, um testemunho de promessa. E o melhor ainda está por vir” disse na Audiência Geral desta semana.

Jovens: Jesus não é uma ideia, é um companheiro de viagem

Na manhã de sexta-feira, 5 de agosto, o Papa Francisco recebeu os jovens que participam do “Acampamento Alpha” e os seus acompanhadores. O acampamento Alpha é organizado pela diocese de Isernia, Itália, e reúne jovens de várias nacionalidades, nomeadamente jovens da Diocese de Setúbal, da Paróquia de Palhais/Santo António.

Francisco disse: “Vocês nasceram num contexto que é definido como ‘secularizado’, ou seja, onde a cultura não é dominada pela dimensão do sagrado, mas pelas realidades do mundo. Entretanto, no coração humano, – continuou – a sede pelo infinito nunca é saciada, mesmo dentro de vocês, crescidos com a tecnologia da informação, surgem as grandes questões de todos os tempos: de onde viemos? O que está na origem de tudo? Qual é o significado da minha existência? Por que há tanto sofrimento? Deus ama muito as perguntas; de certa forma, Ele ama-as mais do que as respostas”, porém, disse completando “antes de dar respostas, Jesus ensina uma pergunta essencial”:

“O que estou à procura?” Se alguém faz esta pergunta, ele é jovem, mesmo que tenha oitenta anos. E se não perguntar, é velho, mesmo que tenha vinte anos. Vocês concordam?”

Ao falar sobre o nome do acampamento “Alpha”, explicou que é como o método de evangelização pelo qual é inspirado. “Alpha é sinónimo de nascimento, – disse – com o início, com a aurora da vida… Cristo é ‘alfa’, isto é, o início, e ele também é ‘ômega’, isto é, o fim, o cumprimento, a plenitude. Assim, com Cristo, este microcosmo que é o ser humano pode ser resgatado do abismo da morte e do negativo e pode entrar na atração de Deus, da vida, do amor”.

O Papa concluiu, “queridos jovens deixo-vos com esta esperança: que Jesus se torne o seu grande Amigo, Companheiro de Estrada de todos vocês.”

Equipas de Nossa Senhora: sejam jovens com asas e raízes

Na manhã deste sábado, o Papa Francisco recebeu as jovens do Movimento Católico “Equipas de Nossa Senhora” em audiência no Vaticano.

“Vocês vivem a experiência de equipa, de grupo – disse o Pontífice -. Isto é um dom, não é um dado adquirido! Fazer parte de uma comunidade, de uma família de famílias que transmite uma fé vivida é um grande dom! Ninguém pode dizer: ‘Salvo-me sozinho’. Estamos todos em relação, para aprender a fazer equipa. Deus quis entrar nesta dinâmica de relações e atrai-nos a si em comunidade, dando à nossa vida um sentido pleno de identidade e de pertença”.

O segundo componente é Nossa Senhora: “quando se acolhe Maria, a Mãe, na própria vida, nunca se perde o centro, que é o Senhor. Porque Maria nunca aponta para si mesma, mas para Jesus e para os irmãos.”

“Encorajo todos vocês a viver numa consagração diária à Virgem Maria e Ela ajudará a crescer em equipa, partilhando os dons recebidos em espírito de diálogo e mútuo acolhimento”.  Recordando a Jornada Mundial da Juventude de 2023, o Papa disse:

“Aqui, entre vocês, há vários jovens portugueses! Levantar-se para servir, sair para cuidar dos outros e da criação: estes são valores típicos dos jovens. Exorto todos a praticá-los enquanto se preparam para a JMJ de Lisboa”.

Em seguida ao falar sobre a terceira palavra: os jovens. Francisco afirmou:

“O futuro é dos jovens. Mas – atenção! – jovens com duas qualidades: jovens com asas e jovens com raízes. Jovens com asas para voar, sonhar, criar, e com raízes para receber dos mais idosos a sabedoria que eles dão.”

Angelus: caminhar juntos sem medo e preparados

Na oração do Angelus deste domingo, 7 de agosto, o Papa Francisco falou sobre o Evangelho de Lucas, capítulo 12, recordando duas exortações presentes no texto: “não tenham medo” e “estejam preparados”. “São duas palavras-chave para superar os medos – disse – que às vezes nos paralisam e para superar a tentação de uma vida passiva e adormecida”.

O Papa iniciou afirmando que depois de encorajar os discípulos, recordando-lhes os cuidados amorosos e providentes do Pai, Jesus disse que não há necessidade de nos preocuparmos e nos agitarmos: a nossa história está firmemente nas mãos de Deus. Os nossos medos, continuou o Papa, geralmente ocorrem quando não conseguimos realizar tudo o que nos propomos, sentimentos de não sermos amados nem felizes e isso leva-nos à desconfiança e angústia.

Porém, adverte Francisco, devemos estar despertos e vigilantes, disponíveis para escutar e acolher, estar prontos “porque, mesmo em situações em que não esperamos, o Senhor vem.”

Recordando também sobre a nossa responsabilidade em conservar e administrar os bens deixados pelo Senhor: “Nós nos preocupamos com esta herança que o Senhor nos deixou? Apreciamos a sua beleza ou a usamos somente para nós e para as nossas conveniências do momento?”

Depois da oração do Angelus, neste domingo, 7 de agosto, o Papa Francisco manifestou a sua satisfação pela retomada das viagens de navios com grãos dos portos da Ucrânia, principalmente o de Odessa e recordou a Peregrinação dos Jovens Europeus que se realizou no Caminho de Santiago de Compostela de 3 a 7 de agosto.

Evangelizadores digitais: que a sua missão seja plena de humanidade

O Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo para os participantes do “HECHOS 29”, que é o Encontro Internacional de Jovens evangelizadores digitais no México.

Na sua mensagem o Papa inicia desejando que este encontro ajude todos a sentirem-se em comunidade, como parte da vida missionária da Igreja, que nunca teve medo de alcançar novos horizontes e fronteiras e, com criatividade e coragem, proclamar a misericórdia e a ternura de Deus.

Recordando uma a sua frase na recente viagem ao Canadá disse: “É preciso encontrar novos caminhos para anunciar o coração do Evangelho a quantos ainda não encontraram Cristo. Isto pressupõe uma criatividade pastoral para chegar até às pessoas onde elas vivem, não esperando que sejam elas a vir até nós – lá onde vivem! – encontrando ocasiões de escuta, diálogo e encontro”. Encorajando todos disse: 

“Não tenham medo, não tenham medo de errar, não me canso de repetir que prefiro uma Igreja ferida porque sai para as periferias existenciais do mundo a uma Igreja doente porque permanece fechada nas suas pequenas seguranças.”

Por fim Francisco disse: “Que a missão que vocês realizam nos espaços digitais seja plena de humanidade. Vão ‘samaritanar’ estes ambientes, para que a cultura contemporânea possa conhecer Deus, sentindo-O em vocês; vão e tragam a esperança de Jesus, especialmente para os que estão mais distantes, dando-lhes razões para a esperança que está neles”.

Papa: a existência na terra é o tempo da iniciação à vida, que só encontra realização em Deus

“A velhice é nobre, não precisa usar maquilhagem para mostrar a sua nobreza”. Depois da pausa no mês de julho e da reflexão na última semana dedicada à sua Viagem Apostólica ao Canadá, o Papa Francisco retomou na Audiência Geral desta quarta-feira as suas catequeses – as últimas – sobre a velhice, “tempo projetado para a realização”.

Numa Sala Paulo VI repleta de fiéis, Francisco começou a explicar que o Evangelho de São João faz-nos entrar na comovente intimidade do momento em que Jesus se despede dos seus, com palavras de consolação e com uma promessa. O tempo de vida que resta aos discípulos será marcado por fragilidades e desafios, mas também pelas bênçãos oriundas da fé na promessa do Senhor.

Com a chegada da velhice, uma vez que as obras da fé não dependem mais da energia e do ímpeto característicos da juventude e da idade adulta, chega também o tempo propício para o testemunho desta espera no cumprimento da promessa, que constitui o nosso verdadeiro destino: um lugar à mesa com Deus, nos céus.

“Recordemos que “o tempo é superior ao espaço”. É a lei da iniciação. A nossa vida não se destina a fechar-se em si mesma, numa perfeição terrestre imaginária: está destinada a ir além, através da passagem da morte, porque a morte é uma passagem. Na verdade, o nosso lugar estável, o nosso ponto de chegada não é aqui, é ao lado do Senhor, onde Ele habita para sempre.”

A presunção de parar o tempo – disse o Papa – “querer juventude eterna, a riqueza ilimitada, poder absoluto”, não só é impossível, mas também delirante.

Ao concluir, o Papa oferece uma síntese da sua catequese sobre a terceira idade, vista na perspetiva da passagem para a vida eterna: “A velhice é a fase da vida mais adequada para difundir a boa notícia de que a vida é uma iniciação para uma realização definitiva. Os velhos são uma promessa, um testemunho de promessa. E o melhor ainda está por vir. O melhor ainda está por vir. É como a mensagem do velho e da velha que acreditam, o melhor ainda está por vir. Deus nos conceda a todos uma velhice capaz disso. Obrigado!”

O Papa Francisco expressou durante a sua saudação aos fiéis a sua proximidade aos atingidos pelo incêndio no depósito de combustível em Matanzas, Cuba, que causou a morte de uma pessoa e deixou vários desaparecidos. Dirigiu ainda o seu “pensamento ao povo da Ucrânia, que ainda sofre esta guerra cruel”. Pediu ainda que todos rezassem “pelos migrantes que estão a chegar continuamente”.

JM (com recursos jornalísticos Vatican News)

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12 de Agosto de 2022