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A Palavra do Papa: o capital do amor, o chamamento para o serviço, a voz incessante da Igreja e o espírito do Presépio

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“Rezemos para que cada um, segundo o dom recebido e a missão que lhe foi confiada, se comprometa a «pôr a render a caridade» e a aproximar-se de qualquer pobre”, pediu o Papa na Eucaristia do Dia Mundial dos Pobres. “O Evangelho não é só para mim, é para todos”, afirmou, na Audiência Geral.

Dia Mundial dos Pobres: “Ponhamos em circulação a caridade”

“Quando se pensa nesta multidão imensa de pobres, a mensagem do Evangelho resulta clara: não enterremos os bens do Senhor! Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo.” Foram estas as palavras do Papa Francisco na homilia da Eucaristia do VII Dia Mundial dos Pobres, que presidiu na Basílica de São Pedro.

Explicando a Parábola dos Talentos, Evangelho da liturgia do penúltimo domingo do Tempo Comum, o pontífice interroga: “Como nos encontrará o Senhor, quando voltar? Como me apresentarei ao encontro com Ele? Que estrada estamos nós a percorrer: a de Jesus que Se fez dom ou a estrada do egoísmo?”

“A parábola diz-nos que cada um de nós recebeu os «talentos», segundo as próprias capacidades e possibilidades. Mas, atenção, não nos deixemos enganar pela linguagem habitual! Aqui não se trata das capacidades pessoais, mas – como dizíamos – dos bens do Senhor, daquilo que Cristo nos deixou ao regressar ao Pai. Com eles, deu-nos o seu Espírito, no qual nos tornamos filhos de Deus e graças ao qual podemos dedicar a nossa vida a dar testemunho do Evangelho e construir o Reino de Deus. O grande «capital», que foi colocado nas nossas mãos, é o amor do Senhor, fundamento da nossa vida e força do nosso caminho.”

“Neste Dia Mundial dos Pobres, a parábola dos talentos é uma advertência para verificar com que espírito estamos a enfrentar a viagem da vida. Recebemos do Senhor o dom do seu amor e somos chamados a tornar-nos dom para os outros”, explicou o Santo Padre.

Convidou os presentes a pensar “nas inúmeras pobrezas materiais, culturais e espirituais do nosso mundo”, nos “oprimidos, cansados, marginalizados, nas vítimas das guerras e naqueles que deixam a sua terra arriscando a vida”.

“Rezemos para que cada um, segundo o dom recebido e a missão que lhe foi confiada, se comprometa a «pôr a render a caridade» e a aproximar-se de qualquer pobre”, concluiu.

Angelus: “O medo paralisa, a confiança liberta”

Medo ou confiança, duas posturas que podemos ter diante de Deus e que serão determinantes na nossa relação com Ele e por consequência na multiplicação ou não dos talentos que gratuitamente d’Ele recebemos.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro no XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Papa falou das duas maneiras diferentes de nos aproximarmos de Deus. Para tal, inspirou-se na Parábola dos Talentos narrada no Evangelho de Mateus 25, 14-30.

Francisco começa por explicar que os talentos confiados por um senhor que sai em viagem aos seus servos “eram os seus bens, um capital”, e foram distribuídos “de acordo com as capacidades de cada um”. Ao retornar, este senhor pede contas aos servos. Dois deles dobraram os talentos que receberam, o que é elogiado pelo senhor, enquanto o terceiro, por medo, enterrou o seu, devolvendo o mesmo que havia recebido, atitude que recebe uma repreensão.

O Santo Padre então, explica a primeira maneira de nos aproximarmos de Deus, que é aquela movida pelo medo, de alguém que não confia na sua bondade e por isso fica bloqueado. Atitude diferente, por sua vez, têm os outros dois protagonistas, “que retribuem a confiança do seu senhor, confiando por sua vez nele”.

A exemplo dos protagonistas da parábola, também nós, recorda Francisco, “recebemos talentos, todos, muito mais preciosos que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, nos torna ativos e criativos na prática do bem”.

Não esqueçamos isso: a confiança liberta, sempre, o medo paralisa. Recordemos: o medo paralisa, a confiança liberta. E isto também se aplica à educação dos filhos. E perguntemo-nos: acredito que Deus é Pai e me confia dons porque confia em mim? E eu, confio n’Ele a ponto de me lançar sem desanimar, mesmo quando os resultados não são certos nem óbvios?”

Francisco: é urgente formar homens capazes de relacionamentos saudáveis

Formação, proteção e testemunho são os “três caminhos” que os trabalhadores da comunicação devem seguir para “renovar o seu compromisso com a promoção da dignidade das pessoas, com a justiça e a verdade, com a legalidade e a corresponsabilidade educativa”. Foi o que disse o Papa ao receber as delegações da Federação Italiana de Semanários Católicos, da União Italiana de Imprensa Periódica, das Associações “Corallo” e “Aiart – Cittadini mediali”.

A comunicação é precisamente “colocar em comum, tecer fios de comunhão, criar pontes sem levantar muros”. Daí, a importância de seguir três caminhos. O primeiro é o da formação, uma “questão vital”, disse Francisco, com a qual se entende “o modo de conectar as gerações, de promover o diálogo entre jovens e idosos, aquela aliança intergeracional que, hoje mais do que nunca, é fundamental”.

Depois da formação, há o caminho da proteção, ou seja, a necessidade de “promover instrumentos que protejam todos, sobretudo os grupos mais fracos, os menores, os idosos e as pessoas com deficiências, e os protejam da intromissão do digital e das seduções da comunicação provocativa e polêmica”.

Por fim, há o caminho do testemunho: “o testemunho é profecia, é criatividade, que libera e impulsiona a pessoa a arregaçar as mangas, a sair de sua zona de conforto para assumir riscos”

Audiência Geral: o chamamento de Deus não é um privilégio, é para todos

“A mensagem cristã é para todos”. Esse foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para a catequese da Audiência Geral desta semana. Reunido com milhares de fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice enfatizou que através do encontro com Jesus os cristãos são chamados a anunciar com alegria as maravilhas do Evangelho.

Através da propagação da mensagem de Cristo, sublinhou Francisco, “existe um poder humanizador, uma realização de vida que está destinada a cada homem e a cada mulher, porque Cristo nasceu, morreu e ressuscitou por todos, não excluiu ninguém”.

Francisco ao sublinhar a importância do serviço da destinação universal do Evangelho, convidou os fiéis a destacarem-se “pela capacidade de ir além de si mesmos, de superar o egoísmo e todas as fronteiras”:

“Os cristãos reúnem-se mais no adro da igreja do que na sacristia, percorrem as praças e as ruas da cidade. Devem ser abertos e expansivos, extrovertidos, e este carácter vem de Jesus, que fez da sua presença no mundo um caminho contínuo, destinado a chegar a todos, aprendendo até com alguns dos seus encontros.”

“O Senhor elege alguém para alcançar outros, esse é o chamamento de Deus.” Francisco então exortou os fiéis sobre o risco do fechamento que pode assolar os cristãos:

A tentação maior é considerar o chamamento recebido como um privilégio. Por favor, não, o chamamento não é um privilégio, nunca. Não podemos dizer que somos privilegiados em relação aos outros. O chamamento é para um serviço. E Deus escolhe um para amar a todos, para alcançar a todos.”

Ao final da sua catequese, o Papa enfatizou que o chamado de Jesus é universal: “não é para um grupo de eleitos de primeira classe”: “Deus escolhe alguém para amar a todos. Esse é o horizonte da universalidade. O Evangelho não é só para mim, é para todos, não nos vamos esquecer disso”, concluiu o Papa.

Oração “pelo querido povo da atormentada Ucrânia, de Israel e da Palestina”

Não nos esqueçamos de perseverar na oração por aqueles que sofrem por causa das guerras em tantas partes do mundo, especialmente pelo querido povo da atormentada Ucrânia, de Israel e da Palestina: pediu o Papa ao término da audiência geral de quarta-feira.

Francisco recebeu esta manhã, em diferentes momentos, parentes de reféns israelenses e familiares de palestinos que vivem em Gaza sob bombardeios. “Fomos além das guerras, isso não é guerrear, isso é terrorismo”, disse o Santo Padre.

“Não nos esqueçamos de perseverar na oração por aqueles que sofrem por causa das guerras em tantas partes do mundo, especialmente pelo querido povo da atormentada Ucrânia, de Israel e da Palestina”, pediu o Pontífice.

Por favor, caminhemos avante pela paz, orem pela paz, orem muito pela paz. Que o Senhor ponha a sua mão ali, que o Senhor nos ajude a resolver os problemas e não se siga adiante que acabam morrendo todos. Oremos pelo povo palestino, oremos pelo povo israelense, para que a paz venha.”

Também num vídeo divulgado pela Rede Mundial de Oração, Francisco pede aos fiéis que rezem pela Ucrânia e especialmente pela Terra Santa, para que “as diferenças se resolvam através do diálogo e da negociação e não com uma montanha de mortos de cada lado”.

Papa: As mulheres contemplativas são a voz incessante da Igreja

No dia 21 de novembro, a Igreja comemorou o Dia Mundial Pro Orantibus, um convite para nos unirmos em oração por todos os mosteiros. Numa publicação na rede social X, o Papa partilhou: “As mulheres contemplativas são a voz incessante da Igreja, louvando, agradecendo e suplicando em nome de toda a humanidade”.

Com a sua oração são colaboradoras do próprio Deus. Não deixemos faltar-lhes a nossa gratidão e ajuda concreta”. #ProOrantibus

Este dia foi estabelecido por Pio XII em 1953 e é comemorado na memória litúrgica da Apresentação de Nossa Senhora ao Templo. É um convite para nos unirmos em oração por todas as religiosas, religiosos e mosteiros que enfrentam necessidades especiais ao redor do mundo.

Papa Francisco: O meu Presépio

Na terça-feira, 21 de novembro, foi publicado em italiano o livro do Papa Francisco “Il mio Presepe. Vi racconto i personaggi del Natale” (O meu Presépio. Conto-vos sobre os personagens do Natal).

Na introdução, o Sumo Pontífice explica que foi duas vezes a Greccio, local onde São Francisco de Assis inventou o presépio, há 800 anos. Em ambas as visitas o Santo Padre sentiu “libertar-se uma emoção especial da gruta onde podemos admirar um fresco medieval que retrata a noite de Belém e a de Greccio, que o artista põe como que em paralelo”.

“A emoção daquela visão leva-me a aprofundar o mistério cristão que gosta de se esconder dentro daquilo que é infinitamente pequeno” explica, aprofundando que “a encarnação de Jesus Cristo continua a ser o coração da revelação de Deus, mesmo quando facilmente se torna discreta a ponto de passar despercebida. A pequenez é, de facto, o caminho para encontrar Deus”.

Salvaguardar o espírito do presépio torna-se uma imersão salutar na presença de Deus, que se manifesta nas pequenas coisas, por vezes banais e repetitivas, do quotidiano. Saber renunciar àquilo que seduz, mas leva por maus caminhos, e escolher os caminhos de Deus é a tarefa que nos espera”.

“Estou certo de que o primeiro presépio, que realizou uma grande obra de evangelização, pode ocasionar ainda hoje espanto e maravilha. Assim, o que São Francisco realizou com a simplicidade daquele gesto permanece nos nossos dias uma forma genuína da beleza da nossa fé”, concluiu.

O Papa: “Nenhuma guerra vale as lágrimas das crianças”

Mais uma chamada de atenção do Papa para os menores por ocasião do Dia Mundial dos Direitos da Criança, instituído no dia em que se comemora o aniversário da aprovação, em 1989, pela Assembleia das Nações Unidas, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Infância e do Adolescente. Talvez o tratado sobre os direitos humanos mais ratificado do mundo.

Francisco marca presença no X (antigo Twitter) e, por meio da conta em nove idiomas e com milhões de seguidores @Pontifex, divulga a sua mensagem que tem o propósito de um alerta e a forma de uma pergunta – ou melhor, duas – como pontos para a reflexão.

Quantas crianças são privadas do direito fundamental à vida e à integridade física e mental por causa de conflitos? Quantas crianças são forçadas a participar ou testemunhar combates e a ter que carregar as suas cicatrizes? Nenhuma guerra vale as lágrimas das crianças”.

JM (com recursos jornalísticos do portal noticioso Vatican News)

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24 de Novembro de 2023