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Ruindade

anger

‘Ruindade’: qualidade do que é ruim; acção ruim; malvadez, maldade; má índole, mau instinto.
É assim que o dicionário fala sobre este substantivo feminino e que pode caracterizar muitas das situações do nosso país…. no todo e em muitas das suas partes.

  

 

 

1. Possuídos por um espírito ruim. Se novamente consultarmos o dicionário sobre a palavra ‘ruim’ lemos, entre outros, os significados deste adjectivo derivado de ‘ruína’: mau; malvado, perverso; estragado, corrupto, podre; funesto; pernicioso, nocivo.

De facto, vemos, correntemente, situações onde intervêm pessoas que não se explicam pela simples forma dessas pessoas – individuais ou colectivas – serem conduzidas pela sua própria natureza. Há, por vezes, momentos em que somos como que levados a suspeitar que algum espírito ruim move tais pessoas.

Vejamos a forma acintosa com que certas forças combatem tudo o que cheire a espiritual – sobretudo de natureza cristã/católica. A forma ardilosa como alguns sectores políticos e ideológicos têm abordado dimensões de ataque à família, às questões da vida e à moral sexual.

Só por um espírito ruim se entende que haja tanta malvadez, tão maus instintos ou mesmo tal perversidade.

 

2. Tomados pela ruindade. Em certas circunstâncias a ruindade é já uma espécie de estado de alma, pois a forma maldosa como se vê, se fala, se julga ou se apreciam os outros denota que a raiz da ruindade é bem mais fundada do que a consciência dos actos feitos.

Há expressões populares que manifestam este ambiente de ruindade: ‘com o mal do outros podemos nós’ em vez de nos alegrarmos com o seu sucesso. Com efeito, muito mais do que inveja a ruindade é algo que corrói o interior daquele/a que se deixa tomar por este sentimento e desejo. Nalgumas circunstâncias como que se propaga em gestos, em olhares, em atitudes ou em comportamentos desviantes.  

 

3. Promotores da ruindade. De tantas e tão variadas formas vemos – em nós e à nossa volta – crescer a ruindade, seja pela má apreciação dos outros, seja pela coscuvilhice com que se passa o tempo, seja mesmo pela difusão da difamação… normalmente dos erros alheios.

Há imensos sinais da promoção da ruindade: com que contumácia se vê a redução dos outros à configuração dos nossos mais abjectos intentos; com que desgaste de energias em ver, sobretudo, as coisas negativas, com que avidez se fala dos crimes e dos desvios… em razão do mal.

 

4. Vamos derrotar a ruindade. Sem pretendermos entrar em cruzadas de moralização, parece-nos que temos, urgentemente, de inverter este ciclo de ruindade, que nos faz viver numa quase hipocondria social. De facto, se a ruindade germina no nosso interior – qual cicatriz do pecado das origens – temos de entrar em nós mesmos – de forma um tanto introspectiva – e insuflarmos auto-estima, dimensão positiva sobre o meu ‘eu’. Para um cristão quem irá ajudar-nos a fazer este percurso é o Espírito Santo, que nos foi infundido no nosso baptismo: por Ele, n’Ele e com Ele poderemos aceitar-nos pecadores e deixar-nos revigorar pela sua luz, força e dinamismo.

 

5. Temos de vencer a ruindade. Somos dos que acreditam na força comunitária da oração e na presença actuante de Deus de uns através dos outros em Igreja católica. Por isso, consideramos que podemos vencer a ruindade: pela fidelidade pessoal e comunitária ao Espírito de Deus, alegrando-nos com os dons e carismas dos outros. Consideramos que é pela unidade de todos que iremos combater e vencer a ruindade que nos entristece e, tantas vezes, nos consome. Consideramos que temos de nos revestir das armas de Deus – como a Sua Palavra nas Escrituras, a eucaristia e a reconciliação sacramental – para sermos nós e com os outros promotores da vitória sobre a ruindade pela confiança em Deus e uns nos outros. Unidos venceremos!

 

A. Sílvio Couto

 

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31 de Maio de 2010