comprehensive-camels

“São José: Caminho para a Misericórdia” #3: II Domingo da Quaresma

20210222-sao-jose-a-caminha-da-misericordia-II Domingo-da- Quaresma-banner

#3: II Domingo da Quaresma

Guião disponível para descarregar aqui.

Pai na ternura | Ensinar os ignorantes * Perdoar as injúrias

Pai na ternura, in Carta Apostólica Patris Corde, Papa Francisco

Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52). Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4).

Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103, 13).

Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura,[11] que é bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145, 9).

A história da salvação realiza-se «na esperança para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9).

Se esta é a perspetiva da economia da salvação, devemos aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa fraqueza.[12]

O Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste e o juízo que fazemos a respeito dos outros são sinal da incapacidade de acolher, dentro de nós mesmos, a nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só a ternura nos salvará da obra do Acusador (cf. Ap 12, 10). Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é para nos condenar. Entretanto, nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade apresenta-se-nos sempre como o Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15, 11-32): vem ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado» (Lc 15, 24).

A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes, queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.


Reflexão de São José

Estimados filhos,

A ternura é uma das qualidades de pai que gosto de viver e de retribuir a todos aqueles que me estão confiados. Desde o momento em que Deus chamou este simples carpinteiro para ser o condutor esclarecido do Seu Filho – o Messias não só para o meu povo, mas para todos os povos – senti que este convite de Deus ia muito além das minhas capacidades. Como Isabel, nossa prima, também eu me perguntei: “quem sou eu e que fiz eu para que o Senhor me confie tão grande tarefa?”. Não me sentia digno e muitas vezes senti dificuldades em compreender este “sonho de Deus”, mas, no meu silêncio, na minha humildade, na minha discrição, na minha fidelidade confiei-me totalmente à vontade de Deus…. Sim, aceitei porque o Senhor providencia, porque Deus nunca abandona o Seu povo. Sempre ouvi na Sinagoga que o Senhor é um Pai cheio de ternura e que, por isso, acompanha sempre os seus filhos. E eu, membro do povo de Deus, descendente do Rei David, fiel, justo e temente a Deus, acreditei que o futuro da humanidade passava também pelo meu “sim” como o de Maria ao convite do anjo na Anunciação.

Toda a história dos meus antepassados está repleta dos desígnios do Senhor, da ternura de Deus para com o Seu querido povo. Por Jesus, nascido em Belém no momento em que Maria e eu nos íamos recensear, o Senhor permitiu que todos os povos vissem e tivessem acesso à Salvação. Mas vendo o meu interior, no exame de consciência diário, olho para cada um de vós e constato que todos sentimos bem os limites e as barreiras que enfrentamos no nosso quotidiano, não apenas pelos limites dos outros, mas também nos limites pessoais de cada um. Olhando para a minha história, sobretudo depois do nascimento de Jesus, o Salvador, quantas tentações senti no meu caminho: tantas foram as injúrias que disseram d’Ele até O conduzirem à morte mais infame, a morte de Cruz.

Tantos foram aqueles que disseram mal dele, blasfemaram a seu respeito e entristeceram a nossa família e os nossos amigos.

Injúrias: temos de as evitar e temos de as saber perdoar. Vão me dizer que não é fácil. Sim, reconheço a dificuldade, mas olhando-a vivendo no Pai rico em misericórdia e cheio de ternura, rezei por todos aqueles que disseram mal e a oração ajudou-me a perdoar as injúrias e as pessoas que as proferiram. Neste caminho interior de perdão e de intercessão, a oração ajudou-me a não cometer estes mesmos erros. Sim meus filhos, temos de perdoar as injúrias e as pessoas que as proferem. E perguntam-me: porque as dizem? Porque ainda não encontram a Verdade, não encontram o nosso Pai de ternura e misericordioso, e o Seu Filho Jesus. Por isso, vivem na ignorância, voltados para si mesmos e não para a sabedoria divina. Temos de ensinar os ignorantes. Sim, meus estimados filhos, temos de ensinar o que vivemos na nossa vida e temos o dever de transmitir a sabedoria de Deus. Não quero continuar muito mais o meu discurso convosco, porque já estais cansados e eu não quero aborrecer-vos. Peço-vos, nesta II semana da Quaresma, neste tempo de pandemia, que sintam na vossa vida a ternura do nosso bom Deus. Desafio-vos a que reescrevam a vossa vida e possam constatar a presença ternurenta de Deus na vossa história. Desafio-vos, também, a porem em prática estas duas obras de misericórdia: ensinar os ignorantes e perdoar as injúrias. Rezem a vossa história, rezem aqueles que vos ofenderam com injúrias e eduquem os ignorantes. E ajudem todos aqueles que vos são confiados a fazerem esta mesma experiência, este mesmo caminho.

Bons frutos de oração num sincero perdão e num eficaz ensino!

Até para a semana na ternura de Deus!


Sugestão Cultural

Deixamos esta semana uma oração sobre as Obras de Misericórdia, um desafio de leitura do Padre Manuel Morujão, SJ, lançado no Ano Jubilar da Misericórdia para ajudar a aprofundar o mistério da misericórdia de Deus e para nos animar a sermos sempre mais misericordiosos nas relações com todos, e 3 minutos e 15 segundos de paz através do belíssimo Credo da MISSA BREVIS de João Gil por CANTATE.

Desafios distintos que queremos que possam trazer uma diferente dimensão a esta semana da Quaresma.

 

PARA REZAR

Oração das Obras de Misericórdia

Cristo, Mestre do Amor e da Paz, fazei-me instrumento da Tua misericórdia. Onde houver um faminto, que eu partilhe o pão de cada dia e o amor que sacia toda a solidão. Onde houver um sedento, que eu dê um copo de água, mas também distribua a Água Viva que emana da Fonte Misericordiosa do Teu Sagrado Coração. Onde estiver um enfermo, que eu leve a Tua presença celestial com meu sorriso paciente, com meu olhar compassivo e com minha alma amiga.

Onde encontrar um desanimado, que eu renove as suas esperanças com o otimismo das manhãs de sol.

Onde encontrar os peregrinos, que eu caminhe com eles, como irmão desta jornada de dores e alegrias.

Senhor, que eu aprenda contigo a perdoar as injúrias, consolar os aflitos, sofrer com paciência as fraquezas dos próximos. Que eu seja para todos a misericórdia do Teu amor em gestos, palavras e coração.

 

PARA LER

“Celebrar e Praticar a Misericórdia”, livro da autoria do Padre Manuel Morujão, S.J., publicado pelo Apostolado da Oração

Adquirir aqui

 

PARA ESCUTAR

Credo (MISSA BREVIS) de João Gil, pelo ensemble CANTATE

Escutar aqui.

 

Quaresma/Páscoa: Dinâmica “São José: Caminho para a Misericórdia”

Partilhe nas redes sociais!
22 de Fevereiro de 2021