A Diocese de Setúbal despediu-se esta semana do Padre Adalberto Tacanho Saraiva, aos 92 anos. O sacerdote ancião, que serviu durante 56 anos como Pároco da Comporta e que atualmente residia na Casa Episcopal, deixou-nos com um “modo de estar, de anunciar, de servir e de ser padre com simplicidade, mas com coerência e tenacidade”.
As cerimónias fúnebres do sacerdote decorreram nos passados dias 10 e 12 de março, na Igreja de São Sebastião, em Setúbal, paróquia que mais de perto acompanhou o Padre Adalberto nos seus últimos anos de vida.
“Muitas mais pessoas gostariam de cá estar para chorar e louvar a Deus pela vida do padre Adalberto” afirmou D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, na missa exequial. Em virtude da situação de pandemia e confinamento geral, apenas marcaram presença nas celebrações alguns familiares, antigos paroquianos, membros do clero diocesano e a comunidade do Seminário Maior de São Paulo.
Na sua homilia, o Bispo de Setúbal destacou a vida do Padre Adalberto, evidenciando o modo simples com que viveu o seu ministério.
O que marcou a sua vida como homem e como padre, é um modo de estar, de anunciar, de servir e de ser padre com simplicidade, mas com coerência e tenacidade.”
“Foi aqui, do outro lado destas margens do Sado, que Deus o chamou para servir a Igreja, de forma simples e desprendida, concentrando-se inteiramente Naquele em quem colocou a sua confiança”, refere o prelado.
O bispo diocesano realçou ainda a forma ternurenta e atenciosa com que tratava os outros, o seu modo de estar livre, a profundidade dos seus afetos e a memória, invejável, para as pessoas, nomes e situações que encontrou no seu caminho. Salientou ainda a proximidade do presbítero aos que mais precisavam, especialmente o cuidado com os doentes, idosos e crianças, chamando a atenção para o intenso trabalho caritativo realizado no Centro Paroquial da Comporta.
“Há muito que se vinha preparando para esta viagem. Fazia essa menção de quem estava para partir, com o seu jeito de dizer as coisas de forma simples e com piada. A quem lhe perguntava se estava tudo bem, respondia: “Tudo bem só no Céu.”
Reconhecendo a tristeza pela sua partida, D. José Ornelas considerou esta “uma hora que nos abre a agradecer a Deus por aquilo que vivemos com ele e aquilo que ele deu a esta Igreja”.
Quero agradecer, caro Padre Adalberto, hoje, aqui nesta Igreja, na Diocese que Deus escolheu para o teu serviço. Dou graças ao pai do Céu, que te chamou, da Serra da Estrela até estas margens do Sado. Agradeço pelo dom da tua vida, ao serviço desta Diocese, que viste nascer, e à qual te deste inteiramente e com tanta generosidade. Obrigado pela forma simples, humilde mas dedicada e terna como viveste o teu ministério. Obrigado pelo sentido fraterno com os teus irmãos, presbíteros e diáconos.
O teu desejo de estar sempre atento quando te pediam, sem nunca dizer não. O teu sentido de unidade, de colaboração e de misericórdia com todos os irmãos e irmãs. Nunca o ouvi queixar-se de ninguém, nem falar mal de ninguém. A bondade que tinha no coração era para todos. Deus te abençoe, pelo teu carinho por quem precisa, pela tua ternura para com as crianças e por todos os que encontraste em dificuldade. Obrigado pelo tempo que partilhaste connosco, na Casa Episcopal, nesta última etapa da vida.
Que o Senhor, o Bom Pastor, que tu serviste e imitaste, te acolha misericordioso e que as sementes do Evangelho que lançaste nestas terras possam crescer, para a gloria de Deus, foi por isso que também vieste e trabalhaste. Bem hajas, caro Padre Adalberto.
O corpo do Padre Adalberto Tacanho Saraiva chegou à Igreja de São Sebastião no dia 10 de março, pelas 16 horas, tendo-se rezado pelas 17 horas a oração do Terço. A Missa Exequial foi presidida por D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, seguindo-se a oração de vésperas, presida pelo Vigário-Geral da Diocese de Setúbal, Padre José Lobato.
Na quinta-feira, o Pároco de São Sebastião, Padre Casimiro Henriques, celebrou nova Missa Exequial, antes do corpo do sacerdote ter sido transportado para o crematório do Cemitério da Paz, em Setúbal.
JM