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A Palavra do Papa: a Terra em restauro, a comunidade mundial, os pastores que servem e o encontro com Jesus em nós

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Mensagens de Francisco sobre a criação e a paz chegaram-nos pelo Twitter. O Papa visitou o centro de vacinação do Vaticano, ordenou nove sacerdotes e falou sobre meditação na sua audiência semanal.

Dia Mundial da Terra: Papa pede melhores relações com a Criação

Na passada quinta-feira, o Papa Francisco assinalou o Dia Mundial da Terra no Twitter, exortando a sociedade a restabelecer um vínculo positivo com o Criador, seu vizinho, e a Criação.

Quebramos os laços que nos uniam ao Criador, aos outros seres humanos e ao resto da Criação. Precisamos sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e de toda a trama da vida”.

Com este tweet, no ‘@pontifex’, conta oficial do pontífice na rede social, Francisco sublinhou as responsabilidades do homem na sua relação com a natureza. O cuidado com o planeta é uma preocupação do Papa manifestada em inúmeras ocasiões, nomeadamente nas duas encíclicas ‘Laudato si’ e ‘Fratelli tutti’.

“Restore Our Earth” (“Restaurar a nossa Terra”, em português) foi o tema da efeméride este ano, com o intuito de restabelecer uma relação sustentável com a Criação.

Covid 19: Papa faz visita surpresa aos pobres que recebem no Vaticano a 2ª dose da vacina

O Papa saudou todos aqueles que aguardavam, na entrada da Sala Paulo VI, no Vaticano, para receber a segunda dose da vacina anti-Covid. Francisco ofereceu um ovo de chocolate, que foi distribuído a todos pelos voluntários, seguindo as medidas sanitárias em vigor. Os presentes entoaram um canto de felicitações.

O momento aconteceu sexta-feira, dia 23. O Santo Padre parou para conversar com alguns dos voluntários, num ambiente festivo e afetuoso, com palavras de gratidão e incentivo. O Papa saudou os presentes ao longo do percurso preparado no átrio para a vacinação.

Essas mulheres e homens fazem parte dos cerca de 1400 beneficiários da campanha de vacinação anti Covid-19 iniciada durante a Semana Santa pela Esmolaria Apostólica em colaboração com outras associações.

Diplomacia: nenhum povo pode alcançar a paz e a segurança sozinho

“Como prevenir os conflitos? Nenhum povo, nenhum grupo social será capaz de alcançar sozinho a #paz, o bem, a segurança e a felicidade. Ninguém. A lição da recente pandemia é a constatação de que somos uma comunidade mundial que navega no mesmo barco. #DiplomacyForPeace”.

Este é o tweet do Papa Francisco, divulgado na sua conta @Pontifex, para o “Dia Internacional do Multilateralismo e da Diplomacia para a Paz”, a 24 de abril, proclamado há quatro anos pela Assembleia Geral das Nações Unidas com o objetivo de promover e apoiar os três pilares da ONU: paz e segurança, desenvolvimento e direitos humanos.

Vocações: sacerdócio não é carreira, é serviço

No 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Francisco presidiu a Missa com a ordenação sacerdotal de nove diáconos na Basílica de São Pedro. Ele recomendou aos novos sacerdotes viver o estilo de Deus de proximidade, compaixão e ternura, recordando que o sacerdócio “não é uma carreira, mas um serviço”.

No Altar da Confissão da Basílica de São Pedro, o Papa Francisco conferiu o ministério sacerdotal a nove diáconos, na presença de várias centenas de fiéis, todos usando máscaras, incluindo os novos ordenandos.

O Papa, numa homilia proferida de forma espontânea, convidou os novos sacerdotes a serem pastores, como o Senhor, “é isso o que ele quer de vocês: pastores. Pastores do Santo povo fiel de Deus. Pastores que vão com o povo de Deus: às vezes na frente, no meio, atrás do rebanho, mas sempre ali, com o povo de Deus”, repetiu Francisco, que convidou a superar a linguagem de um tempo que fala de “carreira eclesiástica”. “Isto não é uma carreira: é um serviço, um serviço como o mesmo que Deus fez ao seu povo”, afirmou.

“No bispo tereis a unidade”, esta é a principal razão pela qual é importante permanecer firme com o seu bispo. “Vós sois colaboradores do bispo”, diz o Papa, que recorda um episódio de muito tempo atrás: “Um sacerdote teve a infelicidade – digamos assim – de me fazer escorregar. A primeira coisa que tive em mente foi chamar o bispo. Mesmo nos momentos difíceis, chama o bispo para estar perto dele”. O Papa sublinha a paternidade espiritual do bispo, a quem se confiar com humildade.

O Papa sugeriu um propósito para este dia: nunca falar pelas costas de um irmão sacerdote. “Se vocês tiverem alguma coisa contra o outro – disse Francisco – sejam homens (…), vão lá e digam na frente”. E enfatizou mais uma vez a nunca falar pelas costas.

Nenhum de vocês estudou para se tornar sacerdote. Vocês estudaram ciências eclesiásticas”, continuou Francisco, dirigindo-se novamente aos ordenandos. “Vocês foram eleitos, tirados do povo de Deus”. E cita as palavras do Senhor a Davi: “Eu te tirei de trás do rebanho”. Então, convida a não se esquecerem de onde vieram: “da sua família, de seu povo. Não percam o faro do povo de Deus”.

Regina Coeli: o amor de Cristo não é seletivo, abraça a todos

Após ordenar nove sacerdotes para a Diocese de Roma na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco assomou à janela do apartamento pontifício para rezar o Regina Coeli com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, dizendo que “somos chamados a cooperar com alegria com a missão do Bom Pastor”.

Jesus, o Bom Pastor “que defende, conhece e ama as suas ovelhas”, “quer que todos possam receber o amor do Pai e encontrar Deus”, pois seu amor “não é seletivo, abraça a todos”. E a Igreja, “é chamada a levar em frente esta missão de Cristo”.

O Papa inspirou a sua reflexão no Evangelho de João 10, 11-18, proposto pela liturgia do dia. Francisco começou por explicar que a narrativa do Evangelho de João contrapõe o verdadeiro pastor – que é Jesus, que “defende, conhece e ama as ovelhas” – com o mercenário, que não se preocupa com elas, pois não lhes pertencem, e que as abandona ao ver a chegada do lobo.

Jesus defende-nos sempre e salva-nos em tantas situações difíceis, situações perigosas, mediante a luz da sua palavra e a força da sua presença, que nós experimentamos sempre, e se quisermos escutar, todos os dias.”

O Papa destaca então um segundo aspeto do Bom Pastor, isto é, além de defender, ele também “conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem”: “Como é lindo e consolador saber que Jesus nos conhece um a um, que não somos anónimos para Ele, que o nosso nome lhe é conhecido! Para ele não somos “massa”, “multidão”, não. Somos pessoas únicas, cada um com a própria história, conhece-nos com a própria história, cada um com o próprio valor, quer enquanto criatura como redimido por Cristo”.

Em Jesus realiza-se a imagem do pastor do povo de Deus delineada pelos profetas, pois Ele “preocupa-se com suas ovelhas, reúne-as, enfaixa aquela ferida, cura os enfermos”, como lemos no livro do Profeta Ezequiel. Este Bom Pastor, portanto, “defende, conhece e, sobretudo, ama suas ovelhas. Por isso dá a vida por elas”:

O amor pelas suas ovelhas, isto é, por cada um de nós, leva-o a morrer na Cruz, porque esta é a vontade do Pai, que ninguém se perca. O amor de Cristo não é seletivo, abraça a todos. Ele mesmo nos recorda isso no Evangelho de hoje, quando diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também. Elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”.

Estas palavras de Jesus, explicou o Santo Padre, atestam o seu desejo universal: “Ele é o pastor de todos. Jesus quer que todos possam receber o amor do Pai e encontrar Deus”:

Depois de rezar o Regina Coeli, o Papa Francisco fez vários apelos, agradecendo pelos novos sacerdotes por ele ordenados nessa manhã e pelas vocações dadas à Igreja.

O Papa disse ainda estar “muito entristecido” pela tragédia ocorrida no Mediterrâneo: “são pessoas, vidas humanas, que por dois dias pediram em vão ajuda”, que não chegou. Rezemos por eles, mas também por aqueles “que podem ajudar, mas preferem olhar para o outro lado”. Ele também falou das 82 vítimas do incêndio num hospital de Covid em Bagdad e do drama nas ilhas de São Vicente e Granadinas causado por uma erupção vulcânica.

Por fim, Francisco recordou que na última sexta-feira em Santa Cruz del Quiché, na Guatemala, foram beatificados José María Gran e nove companheiros mártires, três sacerdotes e sete leigos da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus, “mortos entre 1980 e 1991, tempo de perseguição contra a Igreja Católica, comprometida com a defesa dos pobres”.

Animados pela fé em Cristo, ressalta o Santo Padre, “foram testemunhas heroicas de justiça e de amor. Que o seu exemplo nos torne mais generosos e corajosos na vivência do Evangelho”.

O Papa às monjas Clarissas: “recomeçar a partir de Deus e da solidariedade fraterna”

Na manhã de segunda-feira, o Papa Francisco recebeu as Religiosas Clarissas da localidade de Paganica atingida pelo terremoto de 2009. Na ocasião o mosteiro das irmãs ficou destruído. Faleceu a Abadessa Madre Gemma Antonucci e outras religiosas ficaram feridas.

No encontro, o Santo Padre recordou o facto: “Todavia, daquele drama Deus fortificou-vos todas e, como o grão de trigo que deve morrer para dar frutos, assim foi também para a sua comunidade monástica”.

“Agora a comunidade está reflorescendo – continuou o Papa – formada por doze religiosas, todas jovens. Esta é a mensagem que vocês dão à população: diante da tragédia é necessário recomeçar a partir de Deus e da solidariedade fraterna. Agradeço-lhes!”.

Queridas Irmãs – continuou o Santo Padre – não se cansem de ser uma presença orante e consoladora para sustentar a população, provada pela terrível experiência e ainda necessitada de conforto e encorajamento. Que o exemplo da Bem-aventurada Antónia ajude-vos a serem sempre mulheres pobres e alegres pelo amor do Cristo pobre”.

“Fiéis ao carisma recebido de Santa Clara e São Francisco, respondam com generosidade ao desejo que Deus colocou nos seus corações, vivendo as suas vidas como mulheres consagradas em total adesão ao Evangelho”, acrescentou.

A oração do Papa pelo padre Carlassare, missionário ferido em Rumbek

O Papa reza por Christian Carlassare. Foi o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, quem informou sobre a preocupação do Santo Padre pelo missionário comboniano de 43 anos ferido num ataque no Sudão do Sul, a quem o próprio Papa havia escolhido a 8 de março passado como bispo para a diocese de Rumbek, cidade com maioria Dinka, uma das etnias mais numerosas do país. O padre Carlassare foi recebido com alegria naquela cidade a 16 de abril passado. O comboniano vicentino está fora de perigo. Neste momento encontra-se num hospital de Nairobi, onde foi submetido a uma transfusão, após ter sido baleado na perna por dois homens que entraram na sua habitação duas noites antes. O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, pediu às autoridades locais uma rápida investigação do ataque que leve à captura dos criminosos que feriram o padre Christian. “As autoridades não permitirão – disse Salva Kiir – que a ação de uns poucos criminosos condicione os projetos da Igreja”.

“Perdoo quem atirou em mim”, foram as primeiras palavras do padre Carlassare, cuja ordenação como bispo está agendada para o próximo dia 23 de maio. O missionário então convidou as pessoas a rezarem não por ele, “mas pelo povo de Rumbek – disse -, que sofre mais do que eu”. Padre Christian é o bispo italiano mais jovem do mundo, colocado à frente de uma diocese que era guiada também por outro missionário comboniano, padre Cesare Mazzolari, que morreu em 2011, poucos dias antes da declaração de independência do Sudão do Sul. A partir daquele momento a Diocese de Rumbek ficou vacante.

Audiência-Geral: “Meditar é ir ao encontro com Jesus dentro de nós.”

A meditação foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada ainda sem a presença de fiéis, na Biblioteca do Palácio Apostólico. O Pontífice acrescenta assim mais um capítulo à sua série sobre a oração.

“Todos precisamos meditar, refletir, reencontrar nós mesmos. É uma dinâmica humana”, disse o Papa, sobretudo no “voraz” mundo ocidental, e representa um antídoto contra o stress quotidiano e o vazio que se expande por todo lado.

Nós não somos feitos para correr em continuação, possuímos uma vida interior que não pode ser espezinhada. Meditar é uma necessidade de todos. Meditar, por assim dizer, significa parar e fazer um respiro na vida. Parar.”

Mas para um cristão, meditar tem um sentido diferente, que vai além: seguir Jesus Cristo. O cristão, quando reza, não aspira à plena transparência de si, não se coloca em busca do núcleo mais profundo do seu eu. Isto é lícito, mas o cristão busca outra coisa. A oração do cristão é, antes de tudo, o encontro com o Outro, com o maiúsculo. O encontro com o transcendente, com Deus.

Os benefícios desta prática, como paz interior, domínio de si ou lucidez, são resultados de “efeitos colaterais” da graça da oração cristã, que é o encontro com Jesus. “Meditar é ir ao encontro com Jesus dentro de nós.”

Eis então a graça da oração cristã: Cristo não está distante, mas está sempre em relação connosco. Cada momento da vida terrena de Jesus, através da graça da oração, pode se tornar contemporâneo a nós. Do Batismo no rio Jordão, aos inúmeros milagres do mestre, podemos reviver os mistérios da vida de Cristo.”

“Não há página do Evangelho em que não haja lugar para nós. Meditar, para nós cristãos, é um modo de encontrar Jesus. E assim, somente assim, de nos encontrar a nós mesmos. Não é um inclinar-se sobre nós mesmos, mas ir até Jesus e em Jesus encontrar nós mesmos, curados, ressuscitados, fortes pela graça de Jesus. E encontrar Jesus, Salvador de todos, inclusive meu. E isto graças à guia do Espírito Santo.”

JM (com recursos jornalísticos do portal de notícias Vatican News)

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28 de Abril de 2021